O Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic) anunciou uma proposta ousada que visa impulsionar o empreendedorismo no país: elevar o teto de faturamento anual para a categoria de Microempreendedor Individual (MEI) de R$ 81 mil para R$ 144,9 mil. O anúncio, feito na quinta-feira (24), revela uma série de mudanças destinadas a simplificar as obrigações fiscais e administrativas para esses profissionais autônomos, além de promover uma transição gradual para o regime de microempresas. No entanto, a concretização dessas mudanças depende da aprovação pelo Congresso Nacional.
Atualmente, o regime tributário simplificado do MEI permite que os microempreendedores individuais contribuam apenas para a Previdência Social e paguem impostos como o Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) ou o Imposto sobre Serviços (ISS), dependendo de sua área de atuação. A proposta do Mdic inclui a criação de uma “rampa de transição”, que visa facilitar a migração do MEI para o regime do Simples Nacional ao ampliar o faturamento.
De acordo com informações do Mdic, o Comitê Técnico MEI, que faz parte do Fórum Permanente das Microempresas e Empresas de Pequeno Porte, já aprovou uma minuta que detalha as medidas propostas. Contudo, a pasta está avaliando o formato mais adequado para encaminhar a proposta ao Congresso Nacional.
A mudança potencial traz consigo um grande impacto econômico. Hoje, o Brasil conta com 15,4 milhões de microempreendedores individuais registrados. Com o aumento do teto de faturamento, aproximadamente 470 mil novas empresas poderiam se beneficiar do regime do MEI. No entanto, não foi divulgada uma estimativa oficial sobre o impacto fiscal que essa medida poderia causar. Vale mencionar que, conforme dados da Receita Federal, o governo deixa de arrecadar cerca de R$ 5,2 bilhões anualmente devido ao regime especial vigente.
Uma das principais mudanças propostas refere-se às alíquotas de contribuição. Atualmente, o MEI que fatura até R$ 81 mil paga uma alíquota de 5% do salário mínimo. Com a nova proposta, essa alíquota se manterá inalterada. Contudo, para aqueles que faturam entre R$ 81 mil e R$ 144.912, a alíquota será de R$ 181,14 por mês, equivalente a 1,5% do teto mensal de faturamento proposto de R$ 12.076.
Além disso, o Ministério pretende estabelecer uma “rampa de transição” para permitir que empreendedores se adaptem gradualmente às mudanças tributárias e operacionais durante a transição de MEI para microempresa. Nesse contexto, microempreendedores que excederem o teto de faturamento em até 20% terão um período de 180 dias para efetuar os ajustes necessários. Durante esse intervalo, não serão obrigados a emitir nota fiscal para todas as vendas, contratar um contador ou realizar modificações na Junta Comercial.
No entanto, se o faturamento ultrapassar o teto em mais de 20%, a regra de desenquadramento do MEI se manterá. O governo pretende, entretanto, eliminar a retroatividade nos impostos durante essa transição de regime tributário. Atualmente, os impostos retroativos são aplicados a partir de janeiro do ano em que ocorreu a ultrapassagem do teto. A proposta busca estabelecer um sistema proporcional de pagamento, permitindo ao MEI uma transição mais suave e menos prejudicial ao seu negócio.
As mudanças propostas pelo governo visam, portanto, criar um ambiente mais favorável ao empreendedorismo, oferecendo uma maior flexibilidade e incentivo aos microempreendedores individuais. Contudo, é importante ressaltar que a concretização dessas mudanças depende da aprovação do Congresso Nacional e da implementação eficaz das medidas propostas pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços.
Em resumo, o cenário atual sugere uma possível ampliação do teto de faturamento do MEI, permitindo que mais empreendedores se beneficiem desse regime simplificado. Além disso, a proposta inclui novas alíquotas de contribuição e uma “rampa de transição” para a migração para o regime de microempresa, com o objetivo de tornar a transição tributária menos onerosa para os empreendedores. Entretanto, a implementação dessas mudanças requer a aprovação do Congresso e uma abordagem cuidadosa para garantir a eficácia das medidas propostas.