segundo reportagem da Isto É, A Polícia Federal (PF) está intensificando suas investigações sobre os controversos depósitos milionários feitos via PIX para Jair Bolsonaro, ex-presidente do Brasil. Com suspeitas de que tais valores possam estar ligados a operações de lavagem de dinheiro, a PF planeja solicitar o bloqueio dos R$ 17 milhões em questão. O inquérito se debruça sobre a possibilidade de que essa quantia seja oriunda da venda de joias e presentes recebidos por Bolsonaro, especialmente durante suas viagens internacionais, notadamente aos Estados Unidos.
Segundo fontes da PF, que obtiveram informações exclusivas compartilhadas com nosso portal, os investigadores trabalham para quebrar o sigilo bancário e fiscal do ex-presidente e de sua esposa, Michelle. A intenção é rastrear a origem dos depósitos fragmentados realizados via PIX, que foram feitos em valores relativamente baixos para evitar levantar suspeitas. A suspeita é de que essa estratégia busque burlar os mecanismos de detecção de atividades suspeitas por parte do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf).
“Com o bloqueio e as quebras, vamos cruzar o poder dos dados e chegar aos doadores. O sistema PIX é feito pelos bancos, identifica o CPF dos supostos colaboradores. Diante disso, vamos aos doadores saber de onde tiraram o dinheiro doado. Essas pessoas vão ter que demonstrar como receberam os valores doados. Com isso, podemos comprovar que as ações não passam de lavagem de dinheiro”, explicou uma fonte ligada à PF.
A linha de investigação da PF segue o caminho inverso ao dinheiro, pretendendo identificar, CPF por CPF, quem foram os doadores que participaram do financiamento coletivo para pagamento das multas relacionadas à não utilização de máscaras durante a pandemia. A partir disso, os peritos pretendem identificar doações suspeitas, como depósitos acima de um certo valor ou padrões de repasse de valores semelhantes por parte de um mesmo doador. Esse rastreamento minucioso visa determinar se houve uma engenharia por trás da arrecadação, possivelmente tentando legitimar dinheiro de origem ilícita.
Renato Reis Aragão, criminalista e professor de Processo Penal, destacou a importância desse processo: “É preciso identificar se houve engenharia por trás da arrecadação para saber se ocorreu tentativa de tornar lícito dinheiro de origem ilícita.”
As investigações também se estendem para outros setores, como as possíveis conexões entre empresários e a promoção de atos antidemocráticos que incentivaram um golpe de Estado. O empresariado, especialmente ligado ao agronegócio, tem sido alvo de investigações sobre possíveis financiamentos de atos golpistas. A suspeita é de que os fazendeiros da região de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Paraná, que fazem fronteira com o Paraguai, tenham recebido concessões especiais para importar produtos a preços reduzidos, como fertilizantes, em troca de apoio financeiro aos movimentos antidemocráticos.
No entanto, Bolsonaro não enfrenta apenas o cerco da PF. A troca de mensagens de cunho golpista que ele mantinha em um grupo de WhatsApp formado por empresários aliados também está sob investigação. As mensagens, que incluíam fake news sobre o processo eleitoral brasileiro e críticas a ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), foram propagadas por meio do empresário Meyer Joseph Nigri, dono da construtora Tecnisa. Alexandre de Moraes, ministro do STF, está supervisionando essa parte das investigações e concedeu mais 60 dias para apurar a conduta de Nigri e de Luciano Hang, dono das Lojas Havan.
À medida que essas investigações avançam, Bolsonaro e seu círculo de apoiadores enfrentam um momento de crescente escrutínio, com ações judiciais que buscam esclarecer a origem de fundos milionários e possíveis atividades antidemocráticas. Enquanto isso, o Brasil acompanha de perto o desenrolar dessas investigações que podem ter implicações profundas na política do país.