Após uma agenda intensa de viagens internacionais desde o início do ano, Lula planeja uma pausa de cerca de dois meses em suas atividades no exterior. Durante os meses de outubro e novembro, o presidente permanecerá no Brasil. Membros do governo informaram que esse intervalo será aproveitado por Lula para também cuidar da sua saúde, visto que as viagens requerem um ritmo rigoroso de compromissos.
Em setembro, ele participará da cúpula do G20 na Índia e estará presente na Assembleia Geral da ONU em Nova York. Antes de chegar aos Estados Unidos, há possíveis paradas previstas em Cuba e no México.
A previsão é que Lula retome suas viagens internacionais somente na 8ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, a COP28, que ocorrerá nos Emirados Árabes e começará em 30 de novembro. Durante o retorno ao Brasil, o presidente fará uma parada na Alemanha.
Lula na África do Sul
Já nesta terça-feira (22), durante uma transmissão realizada pelas redes sociais, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva expressou seu respaldo à concepção de uma “governança global” vinculada à Organização das Nações Unidas (ONU), dotada de autoridade para compelir nações a alcançar metas como a mitigação das mudanças climáticas.
Atualmente, não existe país ou entidade internacional com o poder de impor a um Estado a observância das normas do direito internacional ou acordos. Qualquer esforço nessa direção é interpretado como uma transgressão à soberania nacional e pode desencadear conflitos, inclusive conflitos armados.
“Se a ONU não tiver um poder de governança, a gente não resolve a questão climática”, afirmou o petista. “Nós vamos fazer uma reunião nos Emirados Árabes [COP, Cúpula do Clima], vamos supor que lá a gente tome uma decisão em relação aos países que têm florestas. Se a gente que tem muita floresta tomar uma decisão, ela só será cumprida se for cumprida dentro do Estado nacional, no Congresso. Se não for aprovada, a gente não consegue colocar em prática”, disse.
“Então, a gente precisa ter uma governança mundial que, em determinadas circunstâncias e casos, decida e a gente seja obrigado a cumprir. Por exemplo, o Acordo de Paris, o Protocolo de Quioto, ninguém cumpre. Então, vamos estabelecer regras para que sejam verdadeiras as nossas reuniões. Se não, o povo vai desacreditando e a gente começa a ver a democracia correr riscos”, declarou ainda.
Desde o início de seu primeiro mandato como presidente, entre 2003 e 2006, Lula tem sustentado a ideia de que o Brasil e outras nações em desenvolvimento devem assumir um papel mais proeminente na arena global. Isso abarca, por exemplo, a busca por assentos permanentes no Conselho de Segurança da ONU, que na atualidade é composto pelos Estados Unidos, China, Reino Unido, Rússia e França.
Estas declarações foram feitas por Lula durante uma transmissão promovida por canais oficiais a partir de Joanesburgo, localizada na África do Sul. O presidente encontra-se envolvido numa cúpula de outro grupo internacional, o Brics, que é composto pelo Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul.
Nesse encontro, que abarca diversos tópicos, os membros do grupo têm planos para discutir questões como a possível adição de novos países ao Brics e a formulação de novas estratégias para o Banco Nacional de Desenvolvimento, conhecido também como “Banco do Brics”. Atualmente, a presidência desse banco está sob a tutela de Dilma Rousseff.