A reunião agendada para esta terça-feira (22/8) na qual ocorreria a sessão da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) no Congresso Nacional do dia 8/1 foi anulada devido a uma acalorada discussão entre a relatora do comitê, Eliziane Gama (PSD-MA), e o deputado Marco Feliciano (PL-SP).
O confronto teria surgido devido à submissão de um pedido de requerimento que pede a quebra de sigilos de Carla Zambelli (PL-SP), alvo de uma investigação conduzida pela Polícia Federal.
Feliciano, membro do mesmo partido da mencionada parlamentar, teria apontado a relatora como “injusta” por solicitar detalhes relacionados a Zambelli.
A alegação não foi acolhida de forma positiva por Eliziane, que levantou questionamentos em relação às declarações de Feliciano.
Após o desentendimento, o líder da CPMI, Arthur Maia (União-BA), decidiu suspender a sessão planejada. Em uma entrevista com a imprensa, o legislador declarou que “há um clima muito acirrado” entre os integrantes da CPMI, decorrente da inclusão acerca de assuntos na agenda.
“Acreditei sempre em fazer acordos como foram feitos outras vezes. Só que hoje não foi possível. Não tendo acordo, não há como se votar nada. Das vezes em que houve acordo, foi muito bom para a CPMI, mais do que para o lado A ou B. A CPMI não pode ficar olhando a narrativa de um lado ou de outro. É preciso que o presidente da CPMI trabalhe o tempo inteiro para que o debate e a investigação não sejam voltados para um lado ou outro”, disse.
“Pedi para a senadora ser justa. Ela ficou de pé, levantou a voz e apontou o dedo para mim”, afirmou o deputado Feliciano ao Metrópoles. “Questionei se fosse um homem fazendo aquilo. Aí ela se alterou ainda mais e partiu para covardia em atacar minha religião, que por acaso é a mesma dela; então, eu disse a ela que o pastor fica no púlpito da igreja e que ali ela estava falando com um parlamentar com mandato como o dela”.
Não há uma estimativa de quando os legisladores se reunirão para deliberar sobre os pedidos. Na próximA quinta-feira (24), está programado que o comitê escute o depoimento do militar Luís Marcos dos Reis, sob acusação de ter trocado mensagens com conteúdo golpista com o tenente-coronel Mauro Cid, assistente de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Encontros cancelados
Inicialmente, a reunião agendada para a manhã desta terça-feira estava marcada para às 9h. No entanto, foi adiada para as 11h a fim de possibilitar uma reunião entre a relatora Eliziane Gama (PSD-MA), os parlamentares que integram o comitê e o presidente Arthur Maia (União-BA). Este último participou da discussão por meio de uma ligação telefônica.
Minutos antes do início previsto da sessão, no entanto, o líder do comitê solicitou um novo adiamento. A reunião foi então reagendada para as 14h, mas pouco antes do início, acabou sendo cancelada. Eliziane está em busca de um acordo com Arthur Maia para viabilizar a aprovação da divulgação das informações bancárias e dos relatórios de inteligência financeira (RIFs) de Bolsonaro, bem como de figuras relacionadas ao ex-presidente, incluindo a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro.
A relatora está convencida de que os dados pertencentes a essas personalidades, mencionadas em inquéritos conduzidos pela Polícia Federal (PF) e por testemunhas que depuseram perante a CPMI, têm potencial para esclarecer as indagações feitas pelo comitê. Isso inclui questões como a origem dos recursos para o financiamento dos eventos ocorridos em 8 de janeiro. Entretanto, até o momento, Arthur Maia ainda não concordou em incorporar esses tópicos à agenda.
A relatora tem insistido em buscar a aprovação para a quebra dos sigilos de Carla Zambelli, particularmente após o depoimento prestado pelo hacker Walter Delgatti Neto perante o comitê na última quinta-feira (18/8).
Nesta terça-feira (22), Eliziane Gama afirmou que os áudios e vídeos que revelam a participação do hacker Walter Delgatti Neto, divulgados pelo veículo de imprensa Metrópoles, “fortalecem” o embasamento do pedido para a revelação de informações confidenciais de novos indivíduos no comitê, incluindo Carla Zambelli.
Leia sobre aqui:
Com informações do Metrópoles e da Globonews.