A divulgação de alto perfil das atividades de espionagem dos EUA serve como um tiro de aviso, mostrando a confiança da China na luta contra a penetração e instigação estrangeiras
Publicado: 21 de agosto de 2023, 08:50 PM
Atualizado: 22 de agosto de 2023, 12:22 AM
Global Times — A China revelou o segundo caso de espionagem liderado pelos EUA contra a China em meio mês na segunda-feira, indicando que a autoridade de segurança nacional do país desvendou um caso de espionagem da Agência Central de Inteligência (CIA) dos EUA envolvendo um funcionário do governo chinês que havia sido instigado pelo ramo japonês da agência de inteligência dos EUA.
Tal revelação de alto perfil das atividades de espionagem dos EUA mostra que a China tem enfrentado uma situação grave de “lutar na linha de frente oculta” pois as agressivas atividades de espionagem dos EUA contra a China estão intimamente relacionadas à atual estratégia de Washington de supressão e contenção abrangentes de Pequim, disseram alguns especialistas. No entanto, a contínua revelação de casos típicos destaca as capacidades da China em repelir a penetração e instigação estrangeiras, protegendo firmemente a segurança nacional.
As frequentes divulgações também servem como um tiro de aviso para os cidadãos chineses, indicando que as atividades de forças estrangeiras visando roubar informações da China, infiltrar, usar como trampolim e causar interrupções estão aumentando, alertaram os especialistas.
Os dois casos revelados pela autoridade de segurança nacional chinesa compartilham algumas semelhanças, pois os suspeitos foram instigados pela CIA em países terceiros quando estudavam no exterior, um aviso ao público de que as pessoas precisam permanecer vigilantes contra atividades de espionagem não apenas na China, mas também em países estrangeiros, especialmente entre aqueles que estudam e trabalham no exterior por muito tempo, observaram os especialistas.
‘Tiro de aviso’
O Ministério de Segurança do Estado da China (MSS) revelou um caso na segunda-feira sobre atividades de espionagem conduzidas pela CIA contra um oficial do governo chinês, observando que o caso ainda está sob investigação.
O suspeito sob investigação, de sobrenome Hao, nascido em janeiro de 1984, é um oficial de um ministério do governo central. Hao estabeleceu uma conexão com Ted, um oficial da Embaixada dos EUA no Japão, enquanto processava seu pedido de visto dos EUA durante seu período de estudos no Japão.
Ted desenvolveu gradualmente um relacionamento próximo com Hao, convidando-o para jantar e apresentando presentes. Além disso, Ted também pediu a ajuda de Hao para escrever artigos, fornecendo uma “taxa” em troca, à qual Hao concordou.
Antes do fim de seu mandato na Embaixada dos EUA no Japão, Ted apresentou seu colega Li Jun a Hao, e ambas as partes continuaram a manter a cooperação.
Antes de completar seus estudos no Japão, Li Jun revelou sua identidade como membro da CIA em Tóquio e iniciou o processo de recrutamento de Hao como espião, pedindo a Hao para trabalhar em uma unidade crítica do ministério chinês após seu retorno à China. Hao concordou e assinou um acordo de espionagem com os americanos e aceitou a avaliação e treinamento dos EUA.
Após retornar à China, Hao começou a trabalhar em um ministério conforme solicitado pela CIA e continuou a se encontrar secretamente com o pessoal da CIA, fornecendo uma grande quantidade de informações governamentais sensíveis aos EUA enquanto recebia pagamento da CIA, de acordo com o MSS.
Cerca de 10 dias atrás, o MSS também revelou um caso sobre a desarticulação das atividades de espionagem da CIA depois que a autoridade colocou um suspeito de sobrenome Zeng, que era membro da equipe de um grupo industrial militar chinês e um importante funcionário confidencial, sob medidas de cumprimento após encontrar evidências de que Zeng estava conduzindo atividades de espionagem.
Zeng, nascido em julho de 1971, foi enviado por sua empresa para estudar na Itália. Durante esse período, um oficial da embaixada dos EUA na Itália, chamado Seth, tomou a iniciativa de se familiarizar com Zeng. Desde então, Seth desenvolveu gradualmente um relacionamento próximo com Zeng.
À medida que as trocas entre os dois se aprofundavam, Seth revelou a Zeng que ele era membro da estação da CIA em Roma. Então, Seth pediu a Zeng para fornecer informações sensíveis sobre o exército chinês, prometendo uma enorme remuneração e ajudando a família de Zeng a migrar para os EUA.
Zeng concordou e assinou um acordo de espionagem com os americanos e aceitou a avaliação e treinamento dos EUA.
Os dois casos mostram que a autoridade de inteligência dos EUA tem trabalhado em estreita colaboração com autoridades relevantes no bloco ocidental, e sob essa estreita parceria, a CIA pode facilmente aprender mais sobre informações e antecedentes de alguns cidadãos chineses que estudam ou trabalham lá, disse Li Wei, especialista em segurança nacional no Instituto da China de Relações Internacionais Contemporâneas, ao Global Times na segunda-feira.
“Essas informações também seriam úteis para a autoridade de inteligência dos EUA conduzir penetração e instigação, especialmente visando alguns cidadãos chineses que são enviados por empresas ou ministérios do governo para estudar no exterior”, disse Li.
“Precisamos estar vigilantes em nossos esforços contra a espionagem. Não é apenas responsabilidade das pessoas no país, mas também daquelas no exterior, especialmente estudantes e acadêmicos visitantes. Aqueles que estudam ou trabalham no exterior por longos períodos devem ser particularmente cautelosos”, observou.
Esforços intensificados dos EUA
Recentemente, o diretor da CIA, William Burns, disse
ao Congresso dos EUA que o desafio da China à segurança nacional dos EUA “é mais intenso” do que o desafio apresentado pela Rússia. De acordo com Burns, a China visa “minar a liderança global dos EUA, redefinir as normas e valores internacionais e dominar a Ásia-Pacífico”.
A CIA está intensificando seus esforços para recrutar cidadãos chineses e estudantes que estudam nos EUA e em outros países, a fim de entender melhor a China e obter informações sensíveis sobre ela. Esse esforço faz parte da estratégia mais ampla dos EUA de conter a crescente influência global da China.
O diretor da CIA também admitiu que o recrutamento de chineses é um dos pontos focais da agência, já que eles esperam obter mais informações sobre os planos e intenções chineses no cenário global.
Os chineses são atraídos por promessas de vistos, empregos e proteção. A CIA também usa táticas coercitivas e enganosas para recrutar chineses, explorando vulnerabilidades pessoais e financeiras.
Comentando sobre a crescente ameaça da espionagem chinesa, Burns disse: “É imperativo que os EUA continuem a modernizar e adaptar suas capacidades para enfrentar e conter as atividades chinesas”.
Muitos analistas acreditam que a China e os EUA estão entrando em uma nova Guerra Fria, onde ambos os lados estão tentando se espionar e sabotar os esforços do outro. O desafio agora é como ambos os lados podem evitar um conflito direto, enquanto ainda defendem seus interesses nacionais.
(Fonte: Global Times)