Na tarde desta terça-feira (22), o advogado da ex-primeira-dama, Michelle Bolsonaro, abandonou o caso das joias, após discordâncias com a defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Até então, os advogados do “capitão” defendiam uma defesa unificada, enquanto a de Michelle não concordava.
A estratégia da equipe de defesa da ex-primeira-dama era reproduzir a abordagem empregada no caso dos cheques totalizando R$ 89 mil depositados na conta dela por Fabrício Queiroz, ex-assessor de Flávio Bolsonaro, filho do ex-presidente. Na ocasião, Bolsonaro praticamente isentou Michelle de qualquer responsabilidade, ao explicar que havia emprestado o dinheiro a Queiroz e que os depósitos destinados a Michelle representavam a devolução desse valor. O ex-presidente negou a presença de irregularidades nesse caso.
Por outro lado, advogados que se opõem à unificação das defesas avaliam que essa é a única maneira de proteger Michelle: Bolsonaro deveria admitir que as joias eram suas, e que Michelle não tinha conhecimento disso. Qualquer alternativa, argumentam, teria consequências negativas tanto do ponto de vista legal quanto político.
Ao contrário de Bolsonaro, Michelle não está impedida de concorrer a cargos políticos e pode sofrer consequências eleitorais caso seja considerada culpada no caso das joias, por exemplo. Por isso, assessores recomendam que ela se distancie da defesa de Bolsonaro. Enquanto isso, o grupo mais próximo da defesa do ex-presidente deseja unificar as estratégias de defesa.
Os advogados que se opõem à unificação consideram que a única solução para salvaguardar Michelle é que Bolsonaro admita que foi ele quem ordenou a venda das joias recebidas como presente, da mesma forma que fez no caso dos cheques.
Para esse grupo de advogados, unificar as estratégias de defesa seria tornar Michelle vulnerável e desprotegida, deixando-a exposta à possibilidade de uma ofensiva política como ex-primeira-dama.
Em contrapartida, a equipe jurídica de Bolsonaro busca a unificação da defesa, alegando que é viável argumentar que a questão das joias não envolveu a ex-primeira-dama, ao mesmo tempo em que mantém a narrativa de que Bolsonaro recebeu os presentes e baseia-se em uma portaria de 2017, que ele próprio revogou.