Antes de sua partida neste domingo (20) para Joanesburgo, África do Sul, onde participará da 15ª Cúpula dos Brics, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) concedeu uma entrevista ao jornal “Sunday Times”. Ele expressou sua esperança de que as conversações e resoluções do grupo tenham influência sobre outros fóruns globais, incluindo a Assembleia Geral da ONU, o G-20 e a COP28 nos Emirados Árabes Unidos.
“E que possamos provar que outro mundo, um mundo mais justo e globalmente equilibrado, é possível”, declarou. O presidente expressou sua imensa satisfação por regressar, após 13 anos, à Cúpula do conjunto composto pelo Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, o qual ele teve participação na criação.
De acordo com Lula, as temáticas que o Brasil deu destaque para apresentar no encontro abrangem diálogos sobre abordagens para lidar com disparidades econômicas, questões de gênero e étnicas; o combate à fome; a enfrentamento das mudanças climáticas; uma forma renovada de governança global e a reestruturação de organizações multilaterais; além de discussões acerca da ampliação do próprio grupo Brics.
Lula também abordou conversas a respeito de como os países do Brics podem colaborar com as nações africanas para promover um desenvolvimento mais robusto e abrangente para o continente.
“Tem outro tema que mexe muito comigo — dentro da volta do Brasil ao cenário internacional — que é a relação dos países do Brics com os países africanos. Durante meus dois mandatos anteriores, trabalhei muito para fortalecer as relações entre o Brasil e os países africanos, bem como o comércio e as trocas no Atlântico Sul”, disse.
Banco dos Brics emite moeda sul-africana pela primeira vez
Um dos últimos feitos do comitê foi a emissão pela primeira vez, o banco emitiu obrigações no mercado de títulos da África do Sul, utilizando a moeda local, o Rand. Essa iniciativa se alinha com o objetivo traçado pela nova presidente da instituição, Dilma Rousseff, que busca promover as moedas dos países membros e alcançar maior independência em relação ao dólar.
Ao concretizar transações na África do Sul, o banco se tornou o emissor com a classificação mais alta a ingressar nos mercados em Rands desde 2015. Essa ação acontece pouco antes da cúpula dos Brics, programada para ocorrer na África do Sul. Durante a cúpula, os presidentes discutirão dois temas centrais: a ampliação do uso de moedas locais em substituição ao dólar norte-americano, e a formulação de critérios para a expansão da aliança para novos membros.
Foram colocados à disposição 2,5 bilhões de Rands em títulos, com prazos de vencimento de 3 e 5 anos. O banco informou que a demanda foi amplamente diversificada, com 71% das ofertas destinadas a investidores institucionais e o restante a instituições bancárias locais.
“O NDB está buscando aumentar sua presença nos mercados de capitais locais de seus países membros, para financiar seu robusto portfólio de empréstimos em moeda local”, declarou o vice-presidente e diretor financeiro do NDB, Leslie Maasdorp.
“Os recursos serão usados para financiar projetos de infraestrutura e desenvolvimento sustentável na África do Sul e o resultado bem-sucedido estabelece o padrão para futuras emissões do NDB”, afirmou. Atualmente, o banco ostenta um rating de emissor AA+ pela S&P e AA pela Fitch. A emissão foi realizada na Bolsa de Valores de Johanesburgo.