O ex-presidente do Equador, Rafael Correa, afirma que o assassinato do canditado à presidência do país, Fernando Villavicencio, foi uma estratégia da direita para interferir nas eleições e prejudicar a vitória de sua aliada, a presidenciável Luisa González.
“É evidente que é um complô, que a polícia está envolvida. E quem ganha com este complô? A direita política equatoriana, porque precisava de uma ‘carnificina’ política assim, nos culpar para impedir que vencêssemos em um único turno”, declarou o político.
Para Correa, o assassinato de Villavicencio alterou os rumos da eleição, “mudou toda a realidade e chutou o tabuleiro eleitoral”. O presidenciável do partido Movimiento Construye foi morto no último dia 9, duas semanas antes das votações, marcadas para este domingo (20). O jornalista foi um duro crítico ao governo de Correa, denunciando, inclusive, casos de corrupção.
Villavicencio ainda chegou a ter a casa invadida pela polícia durante o governo do ex-presidente. Correa, no entanto, afirma ter sempre respeitado a lei. Segundo o político, Villavicencio era seu inimigo político e, com o apoio da Promotoria e dos meios de comunicação, ele podia “destroçar a reputação das pessoas”. A gestão de Correa, porém, jamais apresentou “risco à sua integridade física”.
“Mesmo se alguém morre em um acidente, a natural empatia das pessoas com a vítima faz com que se gere também uma aversão a seus adversários. Pior ainda se é um crime brutal. Mas como nosso governo respondia [às acusações dele]? Com a lei na mão, numa sociedade civilizada”, afirmou.
“Há uma campanha nas redes culpando-nos pela morte. Quem ganha com isso é a extrema direita, pois sabiam que íamos vencer no primeiro turno, e isso nos tirou pontos nas pesquisas”, afirmou em entrevista à Folha de S. Paulo.
O ex-presidente equatoriano admite que o crime aconteceu por motivações políticas, mas insiste que o motivo principal era para prejudicar a campanha eleitoral da candidata de seu partido.
“Entregaram-no à morte porque é um complô, uma conspiração política, com envolvimento da polícia. Ele estava em quarto ou quinto nas pesquisas, não ia ganhar nunca, então era mais útil morto do que vivo. E para nos prejudicar, já que somos seus arquirrivais políticos.”
Leia a entrevista de Rafael Correa na íntegra