Por Atílio A. Borón (tradução de Gabriel E. Vitullo)
- Vitória inesperada de um suposto outsider ou forasteiro da política, mas não da grande mídia, da qual é assíduo frequentador há pelo menos dois anos, encarregado de puxar, com sua grosseria e histrionismo, todo o espectro político da Argentina para a direita. Javier Milei, dele estamos falando, quebrou todas as previsões e conquistou o primeiro lugar nas Primárias Abertas Simultâneas e Obrigatórias (PASO), último ensaio prévio à corrida presidencial na Argentina. Usando uma metáfora automobilística, o líder de “La Libertad Avanza” partirá da pole position para o primeiro turno do dia 22 de outubro, mas seria um erro supor que ao final da corrida ele terminará inexoravelmente como o vencedor. Ainda há um longo caminho a percorrer e múltiplos são os fatores intervenientes – muitos deles aleatórios, outros perfeitamente planejados – que podem frustrar suas ambições. Iremos nos referir a isso mais adiante.
- As razões para sua vitória são muitas e variadas. A começar pelo profundo descontentamento com o atual governo e com o que o antecedeu, fonte de um ressentimento surdo, mas profundo, que só precisou das urnas para se fazer ouvir em alto e bom som. A mais recente pesquisa do Latino-barômetro (2023) informa que 61% da população entrevistada na Argentina estão “pouco ou nada satisfeitos” com a democracia. Ou seja, praticamente dois em cada três eleitores se sentem decepcionados, ou enganados, nas mãos de dirigentes que parecem não levar em conta suas necessidades e que pouco ou nada faz para aliviar seus sofrimentos cotidianos. Outras pesquisas mostraram um baixíssimo índice de aprovação da gestão de Alberto Fernández, em torno de 18 -20%, um pouco abaixo do patamar que obteve Mauricio Macri no pior momento de sua gestão, em 2019. Isso, sem dúvidas, foi fruto da ineficácia das políticas econômicas do atual governo para conter a inflação e suas enlouquecedoras consequências sobre a renda dos setores populares, tanto daqueles que têm carteira assinada quanto dos que sobrevivem na informalidade ou com magras aposentadorias e pensões. Nessa disputa distributiva (um eufemismo com que os políticos do progressismo evitam falar em luta de classes) há muitos anos que o capital vem se impondo sobre o trabalho. Esperava-se que o atual governo revertesse aquela situação, mas isso não aconteceu. Amplos setores das classes populares sofrem com a insuficiência das políticas de combate à pobreza e à exclusão social; ou a ineficácia do combate à insegurança nos seus bairros; ou sofrem com a deterioração dos serviços públicos de educação e saúde e os problemas crônicos do transporte, todos frutos de um orçamento nacional concebido pelo FMI (ou por funcionários dispostos a obedecer a seus mandatos) que não pode contrabalançar a cruel depredação humana e ambiental que os mercados produzem diariamente. Trata-se, pois, de um “voto castigo”, um grito desesperado que não conseguiu ser escutado pelas forças políticas maioritárias e que Milei, um astuto demagogo, soube capitalizar muito bem com os seus gritos e sua feroz gestualidade que parecem querer enfrentar o sistema quando, na verdade, é a sua mais recente e bizarra manifestação. Tal é a confusão que reina na política argentina que um admirador do governo ultraneoliberal de Carlos S. Menem e que diz que Domingo F. Cavallo foi o melhor ministro da economia de nossa história pode se apresentar como as roupagens de um “político antissistema” quando, por sua combinação de reacionarismo cultural e ultraneoliberalismo à la von Hayek, representa a própria quintessência do sistema capitalista. Apesar desta flagrante contradição, a sua execração da “casta” tocou numa fibra sensível numa população farta de tantas promessas não cumpridas por políticos que, salvo raras exceções, parecem todos iguais, dizem a mesma coisa e com o mesmo tom. Estas foram, na nossa opinião, algumas das chaves do seu sucesso.
- Passando para outro assunto: a União pela Pátria (UP) e Juntos pela Mudança (JxC, na sua sigla em espanhol) foram as grandes perdedoras da disputa. A UP, como expressão parcial do peronismo kirchnerista, teve o pior resultado de sua história, ficando em um pouco honroso terceiro lugar, e estando no governo! Entre as PASO de 2019 e as de 2023 sofreu uma sangria de 5 milhões e meio de votos. Uma parte deles é recuperável, como veremos a seguir. A UP obteve apenas 27,2% dos votos, cifra que teria sido ainda menor sem a entusiástica militância dos seguidores de Juan Grabois. Massa colheu o apoio de 21,4% do eleitorado e o segundo 5,8%. Ainda não está tudo dito, mas inverter este resultado e recuperar parte dos milhões de votos fugados, ou que se abstiveram de votar na UP, exigirá uma urgente retificação da política económica com o lançamento de um vasto programa de ajuda – “complemento salarial geral”, isenção de impostos para monotributistas, subsídios para o pagamento dos serviços públicos, etc.- destinado a ajudar três quartos das famílias do país que, segundo pesquisas, “não conseguem pagar as contas no final do mês”. Mas, para ser efetiva, essa política de renda deve ir acompanhada de uma “batalha cultural” que explique à cidadania qual é a verdadeira natureza do projeto de ambas as expressões da direita, quem serão suas vítimas e quem serão seus beneficiários e ao serviço de que interesses atua. Sem isso, as medidas econômicas por si só não serão suficientes para reverter o resultado do 13 de agosto. Voltaremos a isso abaixo.
- O espaço político JxC também sofreu uma derrota tão traumática quanto a do peronismo, com a perda de um milhão e meio de votos. A luta interna para conseguir a indicação para a candidatura presidencial deixou feridas difíceis, senão impossíveis, de cicatrizar. Patricia Bullrich obteve uma vitória pírrica na obscena e desonesta luta travada com seu “amigo” Horacio Rodríguez Larreta, cheia de chicanas, trapaças e insultos recíprocos. Mesmo assim Bullrich enfrenta dois sérios problemas: suas áreas potenciais para captar novos votos são escassas. Se ela radicalizar sua posição à direita, o mais provável é que mobilize um eleitorado que não foi votar nas PASO e que, agora convocado a participar, acabe apoiando Milei, visto como “o original” e não a cópia de uma proposta ultradireitista e fascistóide. Já se optar por se aproximar do centro, desfocaria sua imagem de “dura”, que parece ser a que atrai sua base mais fiel de apoio. A isso deve-se acrescentar um segundo inconveniente: as dificuldades que Bullrich encontraria nos debates com os demais candidatos, oportunidade na qual logo se evidenciariam suas limitações argumentativas em detrimento de sua imagem.
- Rodríguez Larreta é, individualmente falando, o grande perdedor da jornada eleitoral. Ele mal conseguiu o apoio de 11,2% dos cidadãos, o que certamente colocará um vergonhoso fim em sua carreira política. Os 2.622.761 votos colhidos são, de longe, os mais caros dos quarenta anos de democracia argentina se forem consideradas as enormes somas investidas pelo Chefe de Governo da Cidade de Buenos Aires em publicidade televisiva, radiofônica, gráfica, via pública e redes sociais. Valores, suspeita-se, provenientes do erário municipal, ou seja, dos impostos e taxas pagos pelos portenhos, e de negócios pouco claros e marcados por intenso cheiro de corrupção. Em comparação: uma ótima eleição a de Juan Grabois, que deve ter gasto em publicidade um milionésimo do que investiu Rodríguez Larreta e obteve o equivalente à quase a metade de seus votos. Esta é uma boa notícia para nossa frágil democracia: o marketing político e a publicidade, por mais avassaladores que sejam, não podem tudo. O fervor militante, o contato com as bases e a coerência discursiva foram marcas registradas da campanha de Grabois, e teve sua merecida recompensa. Esperamos que seu exemplo se espalhe entre os candidatos da UP.
- Muito boa a eleição de Axel Kicillof, um prêmio por sua gestão próxima às e aos bonaerenses. Com uma campanha de publicidade muito sóbria e modesta, conseguiu o apoio de 36,4% do eleitorado e ficando quatro pontos à frente da soma dos dois pré-candidatos do JxC: Néstor Grindetti e Diego Santilli. Ainda assim, esse número está longe dos 52,7% obtidos nas PASO de 2019. A política econômica do governo nacional teve um forte e muito negativo impacto na província de Buenos Aires, e isso explica a queda na votação de Kicillof. Sua muito boa gestão não é suficiente para compensar os efeitos devastadores das políticas ordenadas pelo FMI e implementadas pelo governo de Alberto Fernández. Apesar disso, as perspectivas de reeleição são relativamente favoráveis, mas teremos que estar muito atentos porque não seria de estranhar se Néstor Grindetti firmasse uma aliança tática com Carolina Píparo, de “La Libertad Avanza”, que foi a segunda mais votada na província e não se vê muito disposta a ceder sua supremacia nas mãos do prefeito de Lanús. Os analistas observam que há grandes dificuldades para chegar a esse acordo, mas seria um erro desconsiderá-lo de cara. A direita carece de escrúpulos e age sobretudo por interesses, e também tem na figura do renascido Mauricio Macri (veja-se abaixo) e “a embaixada” [dos EUA] dois elementos ordenadores que não existem no campo nacional-popular ou na esquerda. E se a ordem de unificar as forças vier do Norte, muito sangue pode correr pelo rio da direita, mas suas tropas se alinharão atrás de uma candidatura unitária para evitar que nada menos que a província de Buenos Aires fique nas mãos do peronismo.
- Além dessas considerações, deve-se insistir que seria temerário arriscar um resultado definitivo para as próximas eleições presidenciais. Além do mais, não estamos nem em condições de assegurar quem seriam os protagonistas do segundo turno, se este acontecer, algo a respeito do qual também não temos cem por cento de certeza. Supõe-se que no primeiro turno das eleições gerais o comparecimento político somará cerca de dois milhões e meio de eleitores, e possivelmente algo mais. A participação média na Argentina sempre girou em torno de 75%, mas oscila em torno de 80% nas eleições presidenciais. Não sabemos ao certo onde terminarão finalmente esses votos, mas não seria de estranhar que boa parte sejam de peronistas desencantados com este governo, mas que na batalha final se inclinem, mesmo que sem qualquer entusiasmo, por votar pela fórmula da UP. Milei está muito confiante de que um aumento no comparecimento eleitoral lhe trará novos apoiadores, principalmente entre os que têm 16 e 29 anos de idade. Ele também confia no oportunismo de certos segmentos que, tendo votado em Bullrich, sentem uma atração irresistível por quem aparece como vencedor da disputa eleitoral. É difícil estimar o tamanho dessa migração de votos, mas é algo que já se viu diversas vezes no passado, aqui e no exterior, e muito provavelmente se repita agora. Será mais difícil para Milei atrair os eleitores de Larreta, depois dos repetidos insultos que ele lhe lançou durante a campanha. Portanto, caminhamos em um cenário de pura especulação, pelo menos por enquanto.
- Já falamos acima sobre as dificuldades de Bullrich para aumentar seu volume eleitoral. Em contrapartida, a situação de Massa aparenta ser um pouco mais promissora, embora não livre de dificuldades. Poderia atrair os votos das forças políticas que não ultrapassaram o patamar mínimo para concorrer nas eleições gerais. Não será uma tarefa fácil, mas também não é impossível que quem votou em “Principios y Valores” (Guillermo Moreno), que conquistou pouco mais de 180 mil votos nas PASO; ou aos eleitores de “Libres del Sur” (154.000) e de “Proyecto Joven”, pouco mais de 23.000 se curvem perante o horror de uma votação apocalíptica entre Milei e Bullrich, façam o sacrifício e votem no candidato do partido governista, não tanto por amor mas pelo espanto que lhe suscitam seus eventuais contendores da extrema direita. Além disso, se Massa chegar ao segundo turno, os 900 mil votos obtidos por “Hacemos por Nuestro País”, de Juan Schiaretti, governador peronista de Córdoba, poderiam ser reorientados em apoio ao candidato da UP. Schiaretti não tem qualquer chance de participar do segundo turno e um acordo com Massa, por meio de um pacto de conveniência mútua, poderia lhe dar um novo fôlego, pelo menos na sua Córdoba natal. Sua rejeição do kirchnerismo e da figura de Cristina Fernández de Kirchner é visceral. Mas mais indigesto seria se sofresse o mesmo destino que seu amigo Larreta e desaparecesse para sempre da cena política nacional e provincial. Em resumo: os pouco mais de 600 mil votos que separam Milei de Massa não constituem uma diferença intransponível. Portanto, há espaço para cultivar um muito cauteloso otimismo, na medida em que a aritmética eleitoral esteja ancorada numa ofensiva distributivista do governo nacional e uma eficaz batalha cultural.
- Um fato que nem sempre recebe a atenção que merece é o impacto que o terremoto político das PASO poderia ter na futura composição do Congresso Nacional. Na Câmara dos Deputados devem ser renovadas 130 cadeiras: 35 da província de Buenos Aires, 12 da Cidade de Buenos Aires, 10 de Santa Fe, 9 de Córdoba e 5 de Mendoza e Tucumán. Corrientes, Entre Ríos, Misiones, Salta e Santiago del Estero elegerão quatro novos deputados; enquanto as províncias de Chaco, Chubut, Formosa, Jujuy, La Rioja, Rio Negro, San Juan e Tierra del Fuego põem três cadeiras em jogo, enquanto Catamarca, La Pampa, Neuquén, Santa Cruz e San Luis elegerão dois novos representantes. A UP é a força política que mais cadeiras renova (68), pelo que a sua situação é a mais vulnerável; JxC põe 49 em jogo (24 do PRO, 18 da UCR e a Coalizão Cívica com 7). Se as tendências observadas nas PASO se confirmassem nas eleições gerais, “La Libertad Avanza” poderia obter entre 35 e 40 deputados na próxima renovação parcial da Câmara, tornando-se a terceira força política e cuja colaboração poderia ser decisiva para garantir o quórum que habilite a realização das sessões na Câmara. E, ainda, poderia obter oito senadores nacionais, o que abriria um parêntese na tradicional hegemonia que o peronismo, em suas diversas reencarnações, conservou no Senado Nacional. Péssima notícia para a Argentina porque os supostos libertários unidos ao JxC teriam a Câmara dos Deputados em suas mãos, podendo vetar qualquer iniciativa que um eventual governo da UP quisesse submeter à sua consideração.
- Duas últimas observações: o silêncio prolongado e ensurdecedor de Alberto Fernández e Cristina Fernández de Kirchner surpreende, desmobiliza e decepciona. O primeiro por ser o presidente do país, aparentemente de licença devido ao seu desaparecimento da cena pública; a segunda, porque é a líder da que é ainda hoje a mais importante força política do país e é preciso ouvir a sua voz, a sua enorme capacidade de convocação para reagrupar forças dispersas e desencantadas, órfãs de uma épica, de um horizonte utópico, no melhor sentido do termo, rumo ao qual caminhar. E a outra observação é para reiterar que, apesar das previsões de alguns supostos especialistas, Mauricio Macri é um dos grandes vencedores das PASO. Emplacou seu primo como candidato a Chefe de Governo da Cidade de Buenos Aires e assistiu com perversa satisfação o colapso da candidatura de Larreta e a consagração da candidatura de Bullrich. Mais ainda: proferiu o discurso de encerramento no bunker de JxC na noite do 13 de agosto, privilégio que só têm os chefes. Macri confirmou nestas eleições que jogando nos bastidores da política argentina é o chefão de tutti i capi da direita argentina. Na terça-feira pós-PASO Bullrich disse, em um ataque de suprema ingenuidade, que ela era, agora, a chefa da direita. Macri a deixa falar enquanto negocia com Milei e não deveria surpreender uma manobra inédita, numa relação simetricamente oposta à da UP, destinada a evitar a qualquer preço que Massa vença as eleições presidenciais. Assim, como o campo nacional e popular e o progressismo em geral têm como objetivo supremo impedir o triunfo da direita, o mesmo ocorre com esta em relação ao primeiro. Cosas veredes, Sancho, dizia D. Quixote. A nos prepararmos.
- Dados os resultados das PASO, é de questionar se estamos condenados a sermos governados pela extrema direita, ou pelo fascismo, ou pelo neofascismo, em qualquer uma de suas personificações? De jeito nenhum! Em conjunturas como esta, a vontade política desempenha um papel fundamental. Max Weber afirmou que “neste mundo o possível nunca é alcançado se o impossível não for tentado uma e outra vez”. E mergulhado nas turbulências da Revolução Francesa, Georges-Jacques Dantón clamava por “audácia, mais audácia, sempre audácia!” para salvar a Revolução. É disso que a UP precisa para vencer as eleições e reconstruir um governo que se reconcilie com a grande maioria da população do país. Em tempos violentos como os atuais, comedimento e moderação são o caminho real para uma catastrófica derrota. As velhas fórmulas utilizadas pelo atual governo não funcionam, ou se funcionam é para reproduzir os mesmos resultados: inflação, queda salarial, crescimento da pobreza, etc. Requer-se um giro de cento e oitenta graus para que o Titanic argentino evite a colisão fatal com o iceberg que já está muito próximo. Não basta dizer “mais Estado, mais direitos” como se fez no bunker da UP na noite de 13 de agosto; essa fórmula acaba sendo um apelo vazio se não for acompanhada de uma política que desconcentre e redistribua a riqueza hiper-concentrada nas mãos do 1% mais rico da Argentina, facilitada por mecanismos legais de sonegação e elisão fiscal; e se não forem enquadradas as vinte ou vinte e cinco grandes empresas que produzem a cesta de bens básicos e aumentam seus preços à vontade e com total impunidade; se não for atacado o punhado de conhecidos especuladores que com suas manobras levam o dólar paralelo às nuvens, alimentando a espiral inflacionária; ou os grandes empresários do agronegócio e da mineração que subfaturam ou superfaturam suas transações econômicas. Todos, repito, todos no país sabem quem são e como agem. Sabemos seus nomes, sobrenomes, nomes de empresas, endereços, tudo. O que estamos esperando para agir? Que tudo desabe? Transitando pela fantasiosa “larga avenida do meio” ou inexistente “terceira via” nenhum destes problemas se resolverá. Portanto é necessário agir com ousadia, como exigia Danton, e sem mais delongas. E teremos que proclamar nossas verdades e nossos projetos a viva voz, imbuídos do fervor que anuncia a chegada de um mundo novo. Arranjos de cúpula, spots publicitários, grupos focais e a parafernália das pesquisas eleitorais longe de aproximar os candidatos da UP ao povo, erguem sólidas barreiras que os impedem de ouvir sua voz, conhecer suas necessidades e assumir seus mandatos. É preciso clarividência para alargar com determinação o cenário do possível e ter coragem de sair e lutar pelas grandes transformações necessárias para garantir o bem-estar do nosso povo. E, claro, convocá-lo para que da rua, com suas organizações territoriais, de bairro, comunitárias e sindicais, aconteça o milagre de tornar possível o que, do clima rarefeito que permeia as alturas das instituições do estagnado sistema político, parece sem sentido e impossível. Disto depende que a Argentina evite cair nos horrores e o caos subsequente que produziria qualquer governo de extrema direita ou fascista que se instalasse na Casa Rosada a partir do próximo 10 de dezembro.