Após polêmicas, o comando do IBGE será transferido oficialmente nesta sexta-feira (18). Com a presença do presidente Lula, em cerimônia no Palácio do Planalto, o economista Márcio Pochmann irá assumir o cargo de presidente do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.
O nome foi indicado por Lula, porém causou certo desconforto no governo. A ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, que também assumia responsabilidade pelo órgão, admitiu que a troca de presidência do IBGE a pegou de surpresa.
O ministro-chefe da Secretaria de Comunicação, Paulo Pimenta, anunciou o nome de Pochmann em 26 de julho e Tebet, por sua vez, não havia sido informada da decisão. No entanto, a ministra defendeu, explicando que a troca já havia sido pensada com antecedência e que o economista terá tratamento “técnico”.
Lula, por sua vez, criticou a repercussão sobre o anúncio de Pochmann e ainda afirmou que Tebet já estava ciente “há muito tempo” do seu desejo sobre o nome para a presidência do instituto.
“Não é aceitável as pessoas tentarem criar uma imagem negativa de uma pessoa da qualificação do Marcio Pochmann, um dos grandes intelectuais desse país, extremamente preparado. Esse rapaz, eu escolhi, porque eu confio na capacidade intelectual dele. É uma pessoa exímia”, disse o presidente.
Pochmann foi presidente do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) por cinco anos, entre 2007 e 2012. Após a eleição de Lula, ele também participou da transição do governo neste ano, já foi presidente da Fundação Perseu Abramo e do Instituto Lula.
Desde o início de janeiro, o IBGE está, temporariamente, sob comando de Cimar Azeredo. Ele já atuava como diretor de pesquisas no instituto e havia expectativas para que permanecesse no cargo por escolha de Tebet, o que não aconteceu.
Além de Tebet, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, também não é favorável à escolha do presidente da República. Os políticos temem que Pochmann possa atrapalhar a política econômica do governo, tendo em vista sua ideologia “radical”.
Entre polêmicas do passado, o economista é acusado de estar envolvido no afastamento de pesquisadores do Ipea por se identificarem com linhas de pensamento ortodoxas e, assim, foram dispensados por não se “enquadrarem” na forma de pensar de Pochmann.