Internada desde terça-feira (15), a deputada federal, Carla Zambelli (PL-SP), acompanhou o depoimento do hacker Walter Delgatti à CPMI dos Atos Golpistas do hospital, que ocorreu nesta quinta (17).
“Não aceitarei que minha reputação seja manchada por um mentiroso contumaz”, afirmou ela em mensagens durante a sessão.
A parlamentar, apesar de estar hospitalizada para tratar um quadro de diverticulite aguda, acompanhou a oitiva de Walter Delgatti, que afirma ter recebido R$ 40 mil de Zambelli para invadir os sistemas do Judiciário.
Durante a sessão, a deputada enviou mensagens em um grupo de WhatsApp criticando o hacker e afirmando que ele fantasiou sobre o que realmente aconteceu com a aproximação dos dois.
Assim como o ex-presidente Jair Bolsonaro argumenta, Zambelli admite que se aproximou de Delgatti no ano passado. A parlamentar diz, também, que encontrou com os dois no Palácio da Alvorada.
Segundo os políticos, no entanto, o que Delgatti narra não passa de uma fantasia.
“Ele está inspirado hoje. Teve a reunião e eu mandei ele para o Ministério da Defesa para conversar com os técnicos. Ele esteve lá [no Alvorada e na Defesa] e morreu o assunto. Ele está voando completamente”, disse Bolsonaro em uma entrevista na rádio jovem Pan.
Além de confessar que Zambelli o pagou para “invadir qualquer sistema do poder Judiciário”, o hacker também afirmou que a parlamentar o procurou para se reunir com outras figuras políticas. Entre elas, o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, Duda Lima, marqueteiro da campanha de Bolsonaro nas eleições presidenciais de 2022, e o próprio ex-presidente da República, à época, candidato à reeleição.
Segundo Delgatti, o plano apresentado a ele era a produção de um vídeo mostrando que as urnas não eram confiáveis. O hacker receberia uma urna emprestada pela OAB, colocaria um aplicativo desenvolvido por ele e mostraria à população que seria possível apertar um número e sair outro.
Além disso, Bolsonaro também enviou o hacker ao Ministério da Defesa, com o objetivo de promover um encontro entre ele e técnicos do governo. Delgatti explica que ele seria o responsável pelo relatório dos militares que duvidava da segurança do sistema eleitoral brasileiro.
Por fim, o hacker afirmou que o então chefe do Executivo pediu que ele assumisse a autoria de um grampo já existente que constava com conversas do ministro do Supremo Tribunal Eleitoral (STF) e presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) Alexandre de Moraes.
Delgatti foi preso no dia 2 de agosto pela Polícia Federal, para quem prestou depoimento nesta quarta (16). A operação em que ele foi deflagrado investiga a tentativa de invasão nos sistemas do Judiciário.
Em nota, a defesa da deputada Carla Zambelli argumenta que as versões do hacker são “recheadas de mentira” e se alteram constantemente, não garantindo a veracidade dos fatos.
Leia a íntegra da nota dos advogados de Zambelli
“A defesa da deputada Carla Zambelli novamente refuta e rechaça qualquer acusação de prática de condutas ilícitas e ou imorais pela parlamentar, inclusive, negando as aleivosias e teratologias mencionadas pelo senhor Walter Delgatti.
Observa-se que citada pessoa, como divulgado em diversas reportagens usa e abusa de fantasias em suas palavras. Suas versões mudam com os dias, suas distorções e invenções são recheadas de mentiras, bastando notar que a cada versão, ele modifica os fatos, o que é só mais um sintoma de que a sua palavra é totalmente despida de idoneidade e credibilidade.
Ademais, esclareça-se que a defesa ainda não teve acesso aos autos da investigação e assim que possível, se manifestará de forma mais ampla, justamente para desmerecer publicamente os embustes criados.“