O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, comentou nesta segunda-feira (14) sobre a proposta do Banco Central em determinar o fim do parcelamento sem juros. Para ele, medida pode prejudicar o consumidor brasileiro.
“O parcelado sem juros responde hoje por mais de 70% das compras feitas no comércio. Temos que ter muito cuidado para não afetar as compras do comércio e não gerar um outro problema para resolver o primeiro”, disse.
Em meio às críticas à proposta do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, o petista definiu que a compra de produtos através do parcelamento sem juros é o “padrão brasileiro de compras”, o que não poderia ser alterado.
“As compras são feitas assim. Então, você não pode mexer nisso aí. Você tem que proteger quem está caindo no rotativo, claro. Você tem que fazer alguma coisa por essa pessoa, mas, se você for comprometer o sistema de vendas que é o padrão brasileiro de compras hoje, é esse. Até alimento está sendo comprado assim”
Para o ministro, a solução para o rotativo do cartão de crédito deve ser favorável às pessoas e ao comércio. No entanto, Haddad ainda não adiantou as propostas governamentais para solucionar o alto endividamento na modalidade.
“Nós herdamos uma taxa de juros absurda do rotativo e vamos ter que equacionar [essa questão], mas [a solução] não passa por prejudicar o consumidor que está pagando as contas em dia”, continuou.
O político acredita que as mudanças propostas pelos bancos devem ser justificadas com pesquisas e dados que expliquem a necessidade de restringir o parcelamento de faturas, o que ainda não foi apresentado. As instituições, por sua vez, apenas sugeriram o fim das compras parceladas sem juros como uma medida para reduzir as taxas de juros do rotativo do cartão de crédito.
A previsão, de acordo com Haddad, é que uma solução seja proposta em até 90 dias, conforme pediu o governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Através de discussões com diferentes órgãos, o ministro acredita que a melhor opção é formar um grupo de trabalho com integrantes do Ministério da Fazenda, do Banco Central, da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), do Instituto para Desenvolvimento do Varejo (IDV), da Câmara dos Deputados e do Senado.
Apesar dos argumentos de Haddad, ele concorda com a sugestão de acabar com o rotativo. De acordo com ele, o mecanismo acumula 15% de juros compostos ao mês, o que gera um acúmulo muito maior, anualmente falando.
Os dados do Banco Central mostram que a taxa média de juros do crédito rotativo no mês de junho atingiu 437,3%. Para sanar o problema, o ministro reitera a ideia do grupo, haja vista que não há nenhuma proposta oficial dos bancos – a Fazenda e as instituições financeiras, porém, já vem discutindo as possíveis soluções.
“Nosso foco é o rotativo, não pode continuar como estar. Estamos levando ao Congresso Nacional, sobretudo à Câmara, um compromisso feito pelo setor privado, pelos bancos públicos e privados, de que isso tem que ter um prazo para terminar”, disse.