O partido de Fernando Villavicencio, candidato à presidência do Equador assassinado na última semana, anunciou novo nome para a corrida eleitoral. Agora, o jornalista Christian Zurita, de 53 anos, irá disputar a liderança do país em 20 de agosto.
Neste sábado (12), o movimento Construye nomeou a candidata à vice-presidente Andrea González como substituta de Villavicencio No entanto, o partido voltou atrás neste domingo (13), e a ambientalista continuará disputando a mesma posição que concorria originalmente.
A lei equatoriana permite que, em caso de morte do candidato antes da eleição, outra pessoa possa ser indicada pelo partido. Era por essa máxima que a candidatura de Andrea González tinha sido determinada. Porém, antes da candidatura ser qualificada pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE) do país, é necessária uma fase de impugnação. Além disso, a norma indica que uma vez que as candidaturas tenham sido inscritas, elas tornam-se irrenunciáveis e nenhuma pessoa pode aspirar a mais de um cargo de eleição popular.
Diante disso, o Construye chegou a consultar o CNE, mas, na falta de respostas, escolheu trocar mais uma vez de substituto para o lugar de Villavicencio. Em entrevista coletiva em Quito, a ambientalista afirmou que a troca aconteceu “para não deixar que os prazos do CNE sejam motivo de desqualificação”.
Zurita é um jornalista premiado, com ampla experiência na área de investigações que geraram impactos políticos no Equador. Ele e Villavicencio, também jornalista, eram melhores amigos.
De acordo com o El Universo, os dois já se conheciam há mais de 25 anos, desde a universidade. Eles também compartilhavam um portal de jornalismo investigativo no Equador, onde publicaram vários trabalhos que expunham a corrupção e atitudes ilícitas de políticos – como os escândalos do governo do ex-presidente Rafael Correa (2007-2017), que apoia a primeira colocada nas intenções de voto neste ano, Luisa González.
A candidatura de Zurita ainda não foi aprovada pelo CNE, por isso o movimento Construye não irá participar de um dos últimos debates eleitorais no pleito, que acontece na noite deste domingo.
Apesar das trocas de candidato, o nome de Villavicencio é o que estará escrito nas cédulas da eleição, que já haviam sido impressas antes do atentado. Os votos dele serão transferidos automaticamente para o substituto escolhido.
“Vamos tentar emular suas habilidades e seu nome”, afirmou Zurita. O novo candidato também explica que as ideias do político estão “totalmente intactas” e que não haverá nenhuma negociação com “máfias”, ponto de destaque que a campanha de Villavicencio buscava combater.
O perfil de Zurita no portal Periodismo de Investigacíon, site conjunto de Villavicencio, o presidenciável se classifica como “jornalista indignado”. “Não há poder que não enfrente, nem questões que lhe sejam estranhas. Inimigo persistente das tiranias, crítico do jornalismo populista. Esquerdista redimido”, escreveu.
Fernando Villavicencio foi morto há menos de duas semanas das eleições presidenciais do Equador. Em um atentado após um comício em Quito, o político levou tiros na cabeça e, conforme indica o Ministério Público do país, os suspeitos são colombianos e integrantes da facção Los Lobos, uma das maiores da Colômbia.
O então presidente Guillermo Lasso decretou estado de exceção em todo o território equatoriano por dois meses, mas manteve as eleições para o próximo domingo. Agora, Zurita terá uma semana para alcançar o segundo turno, conforme indicam as pesquisas de intenção de voto do país – a oposição composta por Luisa González conta com 30% de possíveis eleitores, enquanto o partido Construye alternava entre segundo e quinto colocado.
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