O cenário político do Rio de Janeiro mais uma vez se vê envolto em polêmicas e reviravoltas, dessa vez com o atual presidente da Assembleia Legislativa do Estado (Alerj), Rodrigo Bacellar, no centro das atenções. A revelação de que Bacellar usufrui de uma cobertura no bairro de Botafogo, zona sul do Rio, e de uma suntuosa mansão em Teresópolis, na Região Serrana, ambas adquiridas recentemente por R$ 5,1 milhões, levanta questionamentos sobre a origem dos recursos e as conexões políticas que podem estar por trás dessas aquisições.
A trajetória de Bacellar é digna de nota, especialmente pelo contraste entre sua realidade antes e depois da ascensão política. Até 2018, ele era um advogado do interior fluminense, sem casa própria ou carro, e seu patrimônio declarado não ultrapassava R$ 85 mil. Entretanto, após ser eleito deputado estadual em 2018 e posteriormente reeleito, ele não apenas subiu na hierarquia política como também experimentou uma mudança drástica em seu padrão de vida.
Sua trajetória política inclui ocupações de cargos públicos e, em 2021 e 2022, afastou-se da Assembleia para assumir a Secretaria de Governo de Cláudio Castro, governador do estado. Em 2023, com o apoio de Castro, foi eleito presidente da Alerj. Nesse mesmo período, adquiriu os mencionados imóveis de luxo.
O que chama a atenção é a forma como essas aquisições foram realizadas, com grande parte dos pagamentos feitos em dinheiro vivo. Jansens Calil Siqueira, um advogado de Campos dos Goytacazes e amigo próximo de Bacellar, foi o comprador das propriedades. Calil admitiu que cedeu os imóveis a Bacellar por interesses próprios, mencionando que o deputado possui influência política que pode abrir portas em seus negócios.
A cobertura em Botafogo, avaliada em R$ 2,1 milhões, foi alugada por Bacellar de Calil, e a mansão em Teresópolis, adquirida por R$ 3 milhões, foi paga em parte pelo próprio deputado. Calil alegou que os recursos utilizados para essas compras, cerca de R$ 3,6 milhões, eram provenientes de honorários advocatícios por serviços de liberação de precatórios judiciais.
Essa intrincada situação coloca em pauta não apenas a origem dos recursos usados para essas aquisições, mas também as conexões entre o mundo político e empresarial no estado. Bacellar é alvo de investigações por parte do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MP-RJ) em várias frentes, incluindo suspeitas de desvios e enriquecimento ilícito. Sua relação com Calil também desperta curiosidade, uma vez que não há processos oficiais que evidenciem essa colaboração.
Em um contexto no qual as últimas décadas viram presidentes da Alerj envolvidos em escândalos e problemas judiciais, a revelação sobre a aquisição desses imóveis com dinheiro vivo acrescenta mais um capítulo a uma longa novela política carioca. O histórico de presidentes da Alerj enfrentando investigações e prisões é notório, e somente um ex-presidente escapou até agora. Tais eventos ressaltam a necessidade de vigilância contínua sobre os representantes do poder público e as conexões que podem influenciar o cenário político e econômico do estado.
O governador Cláudio Castro, por sua vez, enfrenta não apenas investigações da Polícia Federal e do Ministério Público Eleitoral, mas também deve ficar atento às rusgas que têm surgido com Bacellar. A relação entre os dois foi marcada por momentos de colaboração e tensão, reforçando a complexidade das alianças políticas na cena fluminense.
O Rio de Janeiro continua sendo palco de reviravoltas políticas e escândalos, mantendo os olhos do público voltados para os desdobramentos desses eventos que podem moldar o futuro político e social do estado por anos a fio.
Com as informações reveladas e os desdobramentos a serem acompanhados de perto, o cenário político fluminense se mantém como uma arena de intrigas, alianças e revelações que podem ter impactos significativos na condução do estado e na confiança da população em seus representantes eleitos.