O Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) está investigando uma série de movimentações financeiras consideradas atípicas envolvendo a família Cid. O ex-general da reserva do Exército Brasileiro, Mauro César Lourena Cid, e seu filho, Mauro Cid, estão no centro dessa investigação que levanta questionamentos sobre a origem e a finalidade das transações que totalizam quase R$ 4 milhões em um período de um ano.
Cid e o pai são investigados pela Polícia Federal em um inquérito que apura um esquema de venda de presentes dados ao ex-presidente durante missões oficiais no exterior. O general foi alvo de um mandado de busca e apreensão nesta sexta-feira. Já o tenente-coronel está preso preventivamente desde maio.
Segundo um relatório divulgado pelo Coaf, entre fevereiro de 2022 e maio de 2023, o ex-general Lourena Cid realizou movimentações financeiras que totalizaram o montante de R$ 3.914.157. Essas transações foram consideradas suspeitas devido à sua natureza atípica e ao seu volume significativo. O Coaf apontou que essas movimentações se enquadravam no perfil de “transferências unilaterais que, pela habitualidade, valor ou forma, não se justifiquem ou apresentem atipicidade”.
Além disso, o filho de Lourena Cid, Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro, também está sob investigação. Foram identificadas transferências no valor de R$ 43 mil enviados para Mauro Cid entre fevereiro de 2022 e maio de 2023. Surpreendentemente, esse valor é superior ao salário líquido mensal de Mauro Cid, que é de aproximadamente R$ 24 mil, de acordo com informações do Portal da Transparência.
As investigações do Coaf também se estenderam para além das fronteiras nacionais. O relatório apresentou transferências internacionais no valor de R$ 429 mil realizadas tanto por Mauro Cid quanto por seu pai, Lourena Cid, no início deste ano, em janeiro. Essas transações chamaram a atenção das autoridades devido ao fracionamento dos valores das transferências e à aparente falta de documentação adequada para justificar tais movimentações.
A situação se torna ainda mais complexa devido à operação policial chamada de “Operação Lucas 12:2”, realizada pela Polícia Federal, que resultou em mandados de busca e apreensão na residência de Lourena Cid. Essa operação tem como foco uma investigação sobre um possível esquema de venda de presentes oficiais dados ao ex-presidente Jair Bolsonaro durante suas missões no exterior. Mauro Cid também está envolvido nessa investigação, que já resultou na prisão preventiva do tenente-coronel desde maio.
A defesa de Mauro Cid alega que todas as movimentações financeiras são regulares e devidamente declaradas, respaldadas pelas reservas financeiras e pelo patrimônio familiar acumulado ao longo de mais de 25 anos. No entanto, as movimentações suspeitas, os valores elevados e as transações internacionais levantam questões que requerem uma análise mais profunda por parte das autoridades competentes.
À medida que as investigações avançam, o caso da família Cid continua a atrair atenção, suscitando dúvidas sobre a origem e a natureza das movimentações financeiras realizadas e o possível envolvimento em atividades irregulares. O desenrolar dessa história promete trazer à luz informações cruciais sobre as operações financeiras e as conexões dessa família que antes passava despercebida.