Nas últimas semanas, uma série de episódios corroeu a credibilidade das forças armadas perante a sociedade brasileira. De suspeitas de generais se encontrando com criminosos a generais envolvidos em contrabando de joias, as falcatruas de militares brasileiros nunca foram tão bem documentadas.
A força das instituições brasileiras também foi testada. Nosso sistema de justiça, processo eleitoral e demais instituições conseguiram sobreviver a sucessivas tentativas de golpe e abolição do Estado Democrático de Direito.
O Gabinete de Segurança Institucional (GSI) está no meio de um escândalo onde informações sobre viagens do presidente Lula foram vazadas para militares ligados a Jair Bolsonaro, incluindo o tenente-coronel Mauro Cid.
Veja também: O compromisso de Lula com um (grave) erro
A última pesquisa do instituto Atlas Intel revelou que 48% dos brasileiros não confiam nas Forças Armadas. Ou seja, a alegação de que alguns setores da base do governo de que seria arriscado enquadrar os militares na Constituição e que isso poderia causar instabilidade não se sustenta mais.
Lula não é Dilma e sabe como se fortalecer politicamente para que não seja vítima de articulações traiçoeiras como foi sua antecessora. Por isso, está na hora de Lula romper com velhos vícios e fazer com que os militares finalmente se submetam ao Estado Democrático de Direito.
Nenhum outro presidente teve tantas condições para promover uma reforma na formação dos militares e promover uma verdadeira limpa no alto comando, principalmente nomeando militares mais jovens e que viveram mais tempo na democracia do que na ditadura.
Veja também: Foram eles
Além disso, é hora do governo e, mais precisamente, do Ministério da Justiça promover investigações sobre o envolvimento dos militares não só no episódio de 8 de janeiro, mas também no apoio logístico e material que quarteis em todo o país deram aos acampamentos golpistas.
É a oportunidade para que seja eliminado o sistema de justiça militar para que finalmente os fardados se submetam aos civis de forma integral e, principalmente, cada vez mais transparência nas três forças.
E para que isso tudo possa acontecer, Lula precisa, principalmente, exonerar o atual Ministro da Defesa, José Múcio, que não é nada além de um mero despachante dos generais.
Se Lula não enfrentar a questão militar, estará contratando mais uma crise no horizonte do país. Por mais preocupado que esteja em trabalhar pelo país, nada disso adiantará.
Vide nossa história recente onde todos os avanços dos governos Lula e Dilma foram solapados em quatro anos de governo militar com Jair Bolsonaro, onde a fome voltou a ser uma epidemia no país.
Não adianta falar que está preocupado com a fome, que é democrata e que deseja desenvolver o país se o principal esforço para garantir essas conquistas é deixado de lado.
Se Lula está realmente preocupado com o Brasil e os brasileiros, precisará enfrentar as forças armadas. Caso contrário, tudo não passa de demagogia e falácias vazias.
Agora é a hora, Lula!