Alexandre Kalil, ex-prefeito de Belo Horizonte e membro do PSD, delineou sua intenção de retornar à arena política e apontou sua crítica ao governador de Minas Gerais, Romeu Zema, afirmando que este sofre de “falta de cultura”.
Após seu período afastado desde a derrota no primeiro turno das eleições governamentais em outubro, Kalil afirmou que planeja concorrer nas eleições de 2026, porém ainda não decidiu a qual cargo. Em uma entrevista à Folha na terça-feira, Kalil reforçou suas críticas às recentes declarações de Zema. O governador, em uma entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo no último fim de semana, advogou por um maior protagonismo dos estados do Sul e Sudeste nas decisões nacionais devido à sua maior produção em comparação ao Nordeste e Norte.
Kalil afirmou: “O que falta a Zema é cultura”, mencionando outras declarações polêmicas do governador, incluindo a que envolveu a escritora Adélia Prado durante uma entrevista de rádio em Divinópolis, a terra natal da autora. Em fevereiro, ao receber um livro da escritora, Zema questionou se ela era funcionária da rádio, o que gerou críticas. A assessoria de Zema não respondeu ao pedido da reportagem para comentar as críticas.
Kalil também expressou que não pretende formar alianças no futuro com Zema, nem com qualquer outro membro da extrema direita. No próximo ano, Kalil não poderá concorrer à prefeitura por ter sido eleito nas duas últimas eleições municipais. Ele deixou o cargo em março de 2022 para disputar o Palácio Tiradentes, mas foi derrotado pelo atual governador em uma eleição que atraiu cerca de 4 milhões de votos.
Embora Zema e Kalil nunca tenham sido aliados, ambos surgiram com perfis similares ao se apresentarem como candidatos “fora da política”. Kalil, ex-dirigente do Atlético-MG, na sua primeira campanha eleitoral, brincava com o fato de não saber onde estava localizada a sede do seu antigo partido, o PHS, em 2016. Zema, por sua vez, se apoiava no partido Novo, que buscava uma abordagem supostamente inovadora na política.
Atualmente, Kalil está em diálogo com possíveis aliados e se reuniu com integrantes do PSB, partido ao qual já pertenceu, e com o senador Carlos Viana (Podemos), entre outros. Ele ressalta, no entanto, que todos esses encontros são solicitados por terceiros. Ele afirma: “Não recuso receber amigos”.
Kalil planeja permanecer no PSD, partido pelo qual competiu nas eleições do ano passado e que agora integra a base de Zema na Assembleia Legislativa. O PSD também é o partido do líder do bloco governista na Assembleia.
“Quando acabou a eleição liguei para o [Gilberto] Kassab [presidente nacional do PSD] e ele me disse que não abria mão de mim no PSD de Minas Gerais”, afirma, ao ser questionado sobre uma possível saída da legenda.
Kalil assegura que não guarda ressentimentos nem em relação ao seu partido, nem ao PT, que indicou o ex-deputado estadual André Quintão como vice em sua chapa durante as eleições do ano passado.
Durante sua campanha, Kalil buscava uma parceria com a candidatura do atual presidente, Lula, com quem afirma ter mantido uma “conversa direta” durante a campanha eleitoral.
O ex-prefeito também declara que não possui compromissos prévios em relação à corrida pela Prefeitura de Belo Horizonte no próximo ano, nem mesmo com seu antigo vice, Fuad Noman (PSD), que assumiu a prefeitura quando Kalil deixou o cargo para concorrer à eleição estadual.
“Não resolvi esse assunto. Nenhum dos candidatos que estão aí me apoiou para o governo [em 2022], então, não sou obrigado a apoiar também, não. Fuad deu várias entrevistas dizendo, com razão, que estava ocupado com a Prefeitura de Belo Horizonte. Ele não entrou na campanha”, declarou Kalil.
Além de Fuad Noman, há outros pré-candidatos à prefeitura no próximo ano, incluindo a deputada federal Duda Salabert (PDT), o deputado estadual Bruno Engler (PL), que se alinha com o bolsonarismo e foi derrotado por Kalil no primeiro turno das eleições municipais de 2020, e o presidente da Câmara Municipal, Gabriel Azevedo (sem partido).
Quanto à administração de Noman, Kalil observa que a gestão de seu ex-vice ocorre de forma relativamente tranquila. “Não tem nada espetacular, nem para ruim nem para bom”, afirma.