Durante a gestão de Lula, o Palácio do Planalto enviou detalhes de segurança das viagens do presidente ao tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, que foi preso e é alvo da CPMI do 8 de Janeiro. Os e-mails funcionais de Cid, enviados à comissão, revelaram que ele recebeu documentos classificados como “urgentíssimos” sobre sete viagens de Lula, tanto dentro quanto fora do país.
Essas mensagens, provenientes da Secretaria de Segurança e Coordenação Presidencial do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), foram enviadas a Cid de 6 a 13 de março deste ano. Na época, tanto Cid quanto Bolsonaro estavam nos Estados Unidos, após o ex-presidente deixar o Brasil em dezembro, recusando-se a passar a faixa presidencial a Lula.
O homem que fazia tudo para Bolsonaro, Mauro Cid, recebeu em sua caixa de entrada os detalhes de segurança dos seguintes eventos oficiais de Lula: visitas a Pequim e Xangai, na China; Brasília; Foz do Iguaçu (PR); e Boa Vista (RR), que ocorreram em março e abril. Curiosamente, as mensagens estavam na lixeira do e-mail de Cid. Como ele, assim como outros auxiliares de Bolsonaro, não apagou as mensagens definitivamente, isso abriu uma brecha para que a Polícia Federal e a CPMI acessassem o material.
Os documentos, marcados como “urgentíssimos”, continham informações como data e horário da reunião de preparação, do reconhecimento do local e da visita do escalão avançado, além do nome e celular do coordenador da segurança. Nas viagens à China, os documentos também mencionavam os horários de decolagem dos aviões da Força Aérea Brasileira (FAB).
Os e-mails foram enviados por três militares do GSI: Márcio Alex da Silva, do Exército; Dione Jefferson Freire, da Marinha; e Rogério Dias Souza, da Marinha. Todos já trabalhavam no GSI durante a gestão de Bolsonaro.
O GSI, a Secretaria de Comunicação e Mauro Cid ainda não se manifestaram sobre o caso.