O Comitê de Monitoramento da Amazônia Negra e Combate ao Racismo Ambiental é uma das novidades apresentadas no último dia do evento Diálogos Amazônicos, neste domingo (6). A criação foi anunciada pela ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, que ainda pediu que o tema fosse discutido entre os líderes presente na Cúpula da Amazônia nos próximos dias 8 e 9.
“Queremos a participação da sociedade civil. Obviamente, iremos avançar em um plano de trabalho para a Amazônia Negra Legal, a ponto de que esse seja o momento da partida”, declarou a ministra durante a plenária Amazônias Negras: Racismo Ambiental, Povos e Comunidades Tradicionais.
Anielle reforçou o intuito do comitê e a importância de dar protagonismo de proteção à floresta aos povos tradicionais, comunidades quilombolas e povos de terreiro. A ministra defendeu que “com racismo ambiental não há justiça climática”, mais um argumento para a necessidade de criação do projeto.
“Alertamos também para o cuidado de não deixar que o enfrentamento ao racismo ambiental não seja um subtema dentro dos debates dos Diálogos Amazônicos, da cúpula e da COP-30. Esse tipo de racismo é perverso”, continuou.
Para a ministra, o evento Diálogos Amazônicos, que aconteceu em Belém (PA), é o momento para construir políticas públicas para a população mais vulnerável e apagada dos processos de decisão. Ela defende que a visão sobre a Amazônia não deveria se limitar somente à ideia de “pulmão do mundo”, mas, sim, considerar também a diversidade de povos e culturas abrigadas na floresta e que vivem como “guardiãs e guardiões” do território.
“Cerca de 80% da população na Amazônia legal se declara preta e parda. O censo quilombola, que demorou 150 anos para sair, nos mostra que 32% do povo quilombola do Brasil reside nos municípios que compõem a Amazônia legal”, disse a ministra, citando os dados do Censo 2022, divulgados recentemente pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). “Então não podemos falar somente da Amazônia, mas sim de uma Amazônia indígena negra, quilombola, da Amazônia, dos povos tradicionais”.
O comitê contra o racismo ambiental é fruto de um pacto firmado com a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, diante de um cenário de construção de políticas voltadas ao povo amazônico. O governo do Pará também assinou um acordo de cooperação técnica para medidas emergenciais de mitigações graves, questões socioambientais enfrentadas pela população do arquipélago de Marajó e outra parceira com a Secretaria de Igualdade Racial e Direitos Humanos do Pará, responsáveis pela criação de políticas públicas voltadas ao tema.
Anielle relembrou, ainda, a importância da demarcação de terras dos povos originários . “É preservar a Amazônia. Isso é salvar o mundo. A gente não tem mais tempo a perder. A gente quer celebrar as mulheres e jovens negros em vida, quer salvar os nossos territórios, quer defender o nosso sagrado em vida”.
Durante a abertura do evento, o ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência, Márcio Macedo, apontou a relevância e necessidade da participação social para a composição de políticas públicas e defesa do meio ambiente e povos indígenas.
“Tivemos seis anos de interdição da participação social nos destinos do país. Esse é um momento de construção coletiva. Estamos muito felizes de construir esse momento a várias mãos, do Governo Federal e do povo organizado do nosso país e dos outros países amazônicos”, afirmou o ministro.
Márcio Macedo destacou o encontro idealizado pelo presidente Lula, a Cúpula Amazônica, que irá reunir chefes de Estado de países amazônicos nesta semana. Para ele, “será um debate de alto nível”.
Galinze
07/08/2023 - 07h56
Racismo ambiental ?? Kkkkkkkk