O presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem se pronunciado a favor da inclusão de novos países no Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul). Em declarações recentes, Lula manifestou apoio à adesão da Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos e Argentina no bloco, e também mencionou que é favorável à entrada da Venezuela. No entanto, a diplomacia brasileira tem apresentado resistência à expansão do grupo, temendo que isso possa diluir a influência e o protagonismo que o Brasil possui atualmente no Brics.
O Brics é um bloco econômico formado por cinco países de grande importância geopolítica e econômica, e tem o objetivo de fortalecer a cooperação entre suas nações-membros e promover o desenvolvimento mútuo. O grupo foi criado em 2006, inicialmente com o acrônimo BRIC (Brasil, Rússia, Índia e China), e posteriormente, em 2010, a África do Sul se juntou ao bloco, formando o atual Brics.
A China tem sido uma das principais forças impulsionadoras para a entrada de novos membros no Brics. O país asiático adota uma posição que busca integrar praticamente todos os candidatos interessados em fazer parte do bloco, seja como membros plenos ou como associados. Pequim vê a expansão do Brics como parte de sua estratégia para consolidar um bloco antagônico aos Estados Unidos e outras organizações ocidentais, como o G7.
No entanto, o governo brasileiro tem manifestado preocupações em relação a essa expansão desenfreada. Representantes do Brasil têm defendido a necessidade de discutir critérios claros e objetivos para a adesão de novos países ao bloco. Argumentam que esses critérios devem levar em conta elementos como equilíbrio geográfico, população e tamanho da economia dos candidatos, a fim de garantir uma composição equilibrada e representativa no Brics.
Internamente, há a percepção de que o Brics proporciona ao Brasil um peso e protagonismo que não são encontrados em outros fóruns internacionais. Por isso, uma expansão desenfreada do bloco poderia diluir essa influência e reduzir o papel de liderança que o Brasil desempenha atualmente no Brics.
Diplomatas brasileiros têm defendido a necessidade de uma abordagem cuidadosa e criteriosa para a admissão de novos membros, de modo a garantir que a expansão do bloco seja benéfica para todas as partes envolvidas. A visão é de que o Brics deve continuar atuando como uma plataforma de cooperação efetiva entre seus membros, fortalecendo suas economias e consolidando suas posições no cenário internacional.
Além disso, a postura brasileira em reuniões internas do Brics tem sido percebida como mais cautelosa e resistente à expansão do que as declarações públicas de Lula. Enquanto o presidente tem defendido a entrada de novos países como a Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos e Argentina, representantes do Itamaraty têm destacado a importância de um debate amplo e aprofundado sobre o tema, levando em conta os interesses e as preocupações de todos os membros do Brics.
Nesse contexto, a cúpula do Brics que ocorrerá na África do Sul será um momento crucial para discutir a questão da expansão do bloco e as possíveis adições de novos membros. Diplomatas dos cinco países-membros têm se envolvido em discussões sobre os critérios e as regras para a adesão de novos países, e o resultado dessas conversas será apresentado aos líderes durante o encontro em Joanesburgo.
A lista de possíveis candidatos à entrada no Brics é extensa, com mais de 20 países interessados em fazer parte do bloco. Entre os países que manifestaram interesse estão Argentina, Venezuela, Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos, Bahrein, Cuba, Egito, Indonésia, Irã e outros. O negociador-chefe da África do Sul afirmou que aproximadamente 40 países têm demonstrado interesse em ingressar no Brics.
A discussão em torno da expansão do Brics reflete a importância estratégica e geopolítica do bloco, bem como as dinâmicas de poder no cenário internacional. A entrada de novos membros pode influenciar significativamente o equilíbrio de poder no grupo, bem como suas relações com outras organizações internacionais. A cúpula na África do Sul será um momento crucial para definir os rumos do Brics e para avaliar os possíveis impactos da adesão de novos países ao bloco.