Victor Tufani – “Neste dia, em 1983, Thomas Sankara, um jovem soldado de Alto Volta, uma pequena e paupérrima colônia francesa na África subsaariana, tornava-se líder da revolução socialista e o maior presidente da história da África, e talvez do mundo inteiro.
Sob seu comando, o país se tornou independente e Alto Volta se tornou Burkina Faso — “A terra dos Homens íntegros”. Durante os 4 anos seguintes, Sankara transformou a vida do povo para sempre e colocou Burkina Faso no mapa e na história africana.
No primeiro ano, Sankara fez a reforma agrária, cancelou o pagamento da dívida com a ex-metrópole francesa, criou um fundo monetário nacional, acabou com a especulação imobiliária, vendeu toda a frota de carros oficiais do governo, restringiu o teto salarial a 450 dólares mensais. No segundo ano, com a casa arrumada, ele foi construir Burkina Faso.
Garantiu que todo cidadão burkinabé tivesse acesso a pelo menos duas refeições e dez litros de água por dia. Em semanas, vacinou 2,5 milhões de crianças, erradicando a polio, a meningite, a febre amarela e o sarampo. Perfurou 3000 poços artesianos nas aldeias mais isoladas, negociou com o governo de Gana o acesso ao mar. Plantou cem milhões de árvores no norte do país, para impedir a desertificação. Criou um imenso programa de construção de moradias populares, uniu nove etnias de forma pacífica sob a bandeira da revolução e alfabetizou a população em todas as línguas faladas no país.
Nomeou mulheres para o alto escalão do governo e distribuiu cargos por gênero. Baniu a mutilação genital feminina, o casamento forçado e a poligamia. Legalizou o alistamento militar feminino, distribuiu contraceptivos, proibiu as escolas de expulsarem estudantes grávidas.
Ao fim de 4 anos, Burkina Faso contava com autossuficiência alimentar e têxtil e a taxa de analfabetismo havia caído de 98% para 27%. Então, num atentado investigado até hoje, com provável participação dos governos da França e dos Estados Unidos, Sankara foi metralhado. Quando morreu, seus bens somavam um carro, 3 motos, uma geladeira e um freezer. Todos comprados antes de ele se tornar presidente”.
Créditos de reprodução: Rodrigo Mondego
Após a morte de Sankara, Burkina Faso passa a ter um governo novamente ligado aos interesses neocoloniais da França e dos Estados Unidos.