A economia mundial passa por uma grande crise e o petróleo é um recurso natural que está no centro desse redemoinho. É notório, portanto, que a instabilidade da economia mundial é diretamente proporcional aos solavancos imprevisíveis dos preços do barril de óleo e gás.
O Brasil é um grande consumidor de petróleo, seja por sua logística, seja por seu grande mercado consumidor. Portanto, não é difícil considerar que os preços dos combustíveis domésticos são afetados diretamente pela trajetória da crise geopolítica mundial.
Nesse cenário, as grandes variáveis macroeconômicas brasileiras, como a inflação e juros, podem ser diretamente impactadas pela instabilidade do barril de petróleo.
Era o que estava acontecendo desde o começo do dito PPI – preço de paridade por importação – onde o mercado de petróleo brasileiro passava diretamente para os preços domésticos a dinâmica do preço de petróleo mundial, gerando alta instabilidade no país – bem exemplificados por crises como a greve dos caminhoneiros em 2018 e a superinflação de 2021.
Um antídoto para essas crises é se considerar um tipo de mola ou pulmão para que a instabilidade internacional não recaia diretamente sobre o país e dê tempo da economia interna ter mais estabilidade.
A Petrobrás como a maior empresa de petróleo do país largou na frente desse entendimento e abandonou o PPI, assumindo essa função de estabilizar a inflação macro e proporcionar ao país um ambiente de mais previsibilidade econômica.
O resultado da empresa no segundo semestre mostrou claramente que é bem possível abrir mão de uma fatia de pagamento de dividendos e aderir uma faixa de lucro sustentável sem castigar a economia do país.
Com um lucro bem significativo, quase R$ 30 bilhões, a empresa utiliza sua gestão estatal – um Conselho de Administração formado por maioria do governo – e decide qual a melhor política de preços da companhia, não considerando apenas o lucro a todo o custo mas também a estabilidade do país.
Na prática isso permite que a economia não fique sufocada pela incerteza e viabiliza que milhões de brasileiros tenham acesso a mais segurança alimentar, empregos e investimentos. Tudo isso em detrimento de mandar altos dividendos a fundos (já bilionários) de investimento.
Uma escolha nada difícil, convenhamos.
É importante que o governo atue considerando a dinâmica real do país, ou seja o impacto verdadeiro na vida das pessoas. Com essa política de Estado, a Petrobrás “paga” dividendos ao povo, socializando com a população os lucros da empresa.