Neste sábado (5), as autoridades policiais do Paquistão efetuaram a detenção do ex-primeiro-ministro do país, Imran Khan, em conexão com suspeitas de aquisição e comércio ilegal de presentes estatais recebidos durante suas viagens internacionais, incluindo seis relógios da prestigiada marca Rolex. As transações, conforme alega a promotoria, envolvem cerca de US$ 490 mil, o equivalente a R$ 2,4 milhões.
Entre os itens presenteados estavam relógios de uma família real, sendo o mais valioso deles um exemplar da marca suíça Graff, avaliado em US$ 300 mil. Alega-se que esses presentes foram vendidos em Dubai por assessores do político. Além dos relógios, a lista inclui perfumes, utensílios de mesa e joias ornamentadas com diamantes.
O veredicto destaca que Khan proferiu informações falsas referentes à aquisição de presentes oficiais do Estado. “Ele foi considerado culpado de práticas corruptas ao ocultar os benefícios que acumulou do tesouro nacional deliberada e intencionalmente”, declarou. “Ele trapaceou ao fornecer informações sobre presentes que obteve de Toshakhana (o repositório de presentes do Estado), que mais tarde se mostraram falsas e imprecisas”, afirmou.
Khan, de 70 anos, ingressou na política após uma carreira notável e distinta no críquete, esporte de destaque no Paquistão. Ele alega ser alvo de perseguição por parte dos militares e argumenta que mais de 150 acusações foram levantadas contra ele, principalmente após sua destituição do cargo pelo Parlamento do país em abril de 2022.
Num vídeo previamente gravado e divulgado por seu partido no sábado, ele instou seus apoiadores a protestar pacificamente. “No momento em que você ouvir esta declaração, eles terão me prendido. Eu só tenho um apelo: não fique sentado em silêncio em casa. Estou lutando por você, pelo país e pelo futuro de seus filhos”, declarou na gravação. O partido de Khan, o Paquistão Tehreek-e-Insaf (PTI), anunciou que apresentou recurso contra a detenção.
Anteriormente, o ex-primeiro-ministro já havia sido detido em maio sob outra acusação. Ele e sua esposa também enfrentam alegações de terem recebido propriedades avaliadas em US$ 24,7 milhões de um empresário imobiliário envolvido em lavagem de dinheiro no Reino Unido. Na ocasião, seus apoiadores saíram às ruas em protesto, resultando em confrontos violentos entre eles e a polícia. Milhares de assessores, apoiadores e aliados políticos de Khan foram presos.
Em novembro do ano anterior, o ex-premiê foi alvejado durante um protesto em que demandava eleições antecipadas. Esse ato fazia parte de sua “longa marcha”, que partiu de Lahore com destino a Islamabad. Ao longo do trajeto, Khan discursou para multidões de um palanque improvisado sobre um caminhão.
A prisão deste sábado é o mais recente desenvolvimento em uma série de eventos que têm minado a influência política de Khan, incluindo a fragmentação de seu partido. Especialistas acreditam que o veredicto possa favorecer a ascensão de Shehbaz Sharif, o atual primeiro-ministro do país, nas próximas eleições gerais.
Sharif propôs que o Parlamento seja dissolvido em 9 de agosto, três dias antes do término de seu mandato, o que, segundo fontes políticas, abrirá caminho para eleições gerais em novembro. Entretanto, neste sábado, o governo anunciou que as eleições ocorrerão após a conclusão do novo censo do país, possivelmente resultando em um adiamento do processo eleitoral por vários meses.
Julgamento anteriormente suspenso
A sentença foi emitida meramente um dia depois de a corte superior do Paquistão ter temporariamente interrompido os procedimentos judiciais do tribunal de primeira instância.
Atualmente, permanece obscuro o motivo pelo qual o caso foi reativado. De acordo com a ministra de Informação e Difusão, a detenção de Khan ocorreu após uma investigação exaustiva e a devida observância das formalidades legais no tribunal. Ela ressaltou que a prisão do ex-primeiro-ministro não guarda relação com as iminentes eleições.