Aliados do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), com destaque para o centrão, estão na expectativa de que a reforma ministerial avance nas próximas semanas. Com o lançamento do Novo PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), no dia 11 de agosto, os políticos acreditam que o desfecho está próximo.
O chefe do Executivo afirmou que não tem pressa para concluir as alterações, indo na direção contrária dos parlamentares do centro.
“Eu vou fazer ajustes no governo porque nós temos interesse de construir uma maioria para que, até o final de 2026, a gente já possa votar as coisas importantes de interesse do povo brasileiro”, declarou em entrevista à rádio Amazônia nesta quita-feira (3).
Na última quarta (2), Lula se encontrou com o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), no Palácio da Alvorada. Durante a reunião secreta, ele confirmou a inclusão dos parlamentares do PP e Republicanos no ministério. O alvo do chefe do Executivo são os ministérios comandados por titulares sem padrinhos políticos e representantes do PSB e PT.
No entanto, o petista indicou que a mudança nos ministérios estaria travada devido às incertezas sobre as pastas a serem oferecidas, principalmente ao PP – é o que sugere o relato de Lira.
Para o PP, a possibilidade é liderar a Caixa Econômica Federal e, mais tarde, um ministério ainda não definido por Lula. Por outro lado, já foi sinalizado ao Republicanos que a sigla poderia ocupar a chefia do Ministério dos Esportes.
Nesta sexta (4), o ministro Alexandre Padilha, da Secretaria de Relações Institucionais, indicou que o presidente já decidiu que os deputados André Fufuca (PP-MA) e Silvio Costa Filho (Republicanos-PE) irão ocupar a posição de ministros, embora ainda não tenha sinalizado quais pastas em específico.
“Primeiro, já tem uma decisão do presidente Lula de trazer esses dois parlamentares que representam duas bancadas importantes no Congresso. Mas, mais do que elas, podem atrair outros parlamentares, trazê-los para o governo, convidá-los para ocupar postos de ministérios. São parlamentares que só podem vir para ocupar ministérios”, disse Padilha.
Apesar disso, os aliados do presidente ainda nutrem expectativa da ministra Ana Moser na pasta de Esportes. Os argumentos indicam que ela ainda recebe apoio do meio esportivo, sobretudo de atletas, e a saída dela iria gerar ruídos para a gestão do petista, principalmente em meio ao planejamento de Moser de receber a Copa do Mundo feminina em 2027.
Outro ponto que impede o andamento da reforma ministerial é o mal-estar gerado entre os parlamentares em um momento com outras pautas consideradas prioritárias em tramitação no Congresso Nacional – como o arcabouço fiscal na Câmara e a Reforma Tributária, que chegou ao Senado.
Há ainda a possibilidade de criação de um novo ministério apenas para abrigar os representantes do centrão, que reivindicam mais espaço no terceiro mandato de Lula.
Uma alternativa é desmembrar a pasta chefiada pelo vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB), o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços. Seria criado um ministério da Micro e Pequena Empresa e Empreendedorismo, que hoje ocupa o status de secretaria dentro da pasta.
Caso não seja dividida, outro desenho é remanejar Alckmin e entregar o ministério ao centrão. Porém o vice-presidente já deixou claro que não gostaria de deixar a chefia da pasta, além de agradar os governistas com o atual trabalho.
Contrário aos desejos do centrão, os Correios e a Embratur ainda devem continuar chefiados por aliados de Lula, que já afirmou não querer entregar essas estatais ao grupo de Lira.
A expectativa da articulação política no Palácio do Planalto era de haver uma reunião entre Lula e os dirigentes e líderes do PP e do Republicanos, que ainda não aconteceu – o presidente adiou a conversa para a semana do dia 14 de agosto, devido à quantidade de compromissos na agenda.
Os governistas já sinalizaram que a reforma ministerial ainda não aconteceu, porque Lula estava focado em temas como o novo PAC e a preparação da Cúpula da Amazônia. Além disso, o presidente escolheu se reunir com os ministros que não se encontra com frequência e falar com os titulares das pastas pessoalmente antes de definir qualquer mudança.
O comando da Funasa (Fundação Nacional de Saúde) também foi modificado diante das movimentações para integrar os partidos do centro ao governo. Membros do PSD, da base governista e com três ministérios na Esplanada, se reuniram com Alexandre Padilha para pleitear a nova liderança.
No início da gestão Lula, o órgão com orçamento bilionário havia sido extinto, com a previsão de distribuir as funções entre os ministérios da Saúde e das Cidades. Porém o Congresso decidiu recriá-lo em junho deste ano.
Os parlamentares indicaram o nome do ex-vice governador do Ceará, Domingos Filho (PSD), para liderar o órgão, seguindo o pedido da legenda durante a transição de governo.