“Qualquer pessoa com o mínimo de decência tem que se levantar contra o que acontece em São Paulo”, afirma Alysson Mascaro, filósofo e professor da Universidade de São Paulo. Em uma entrevista recente a TV 247, Mascaro fez uma crítica contundente à esquerda brasileira, que, em sua visão, tem se mantido retraída e evitado discussões abertas sobre temas como socialismo e comunismo. Ele alertou sobre o risco de a esquerda perder espaço para a direita, caso não se posicione de maneira firme contra as injustiças e violências presentes na sociedade.
Mascaro expressou sua indignação com a ação da Polícia Militar de São Paulo, que tem executado pessoas, uma ação que ele considera um absurdo e uma violação dos princípios civilizacionais e liberais fundamentais. Ele ressaltou a necessidade de uma reação coletiva contra a violência em São Paulo, destacando que a violência é uma característica intrínseca da estrutura da sociedade capitalista, que molda o padrão desejado pelas elites.
“Enquanto a direita se assume, a esquerda se esconde no armário”, afirma Mascaro, criticando a postura da esquerda no Brasil. Ele defende que a esquerda precisa ser mais combativa e enfrentar a barbárie que está ocorrendo. Mascaro enfatiza a necessidade de um contraste com a direita para manter a identidade da esquerda e argumenta que a disputa ideológica no país está altamente desequilibrada.
Mascaro também discute o papel da burguesia, tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos, no fomento ao fascismo. Ele destaca a necessidade de abordar as contradições dentro dessas classes dominantes. Além disso, ele argumenta que a democracia no capitalismo é projetada para fazer as pessoas votarem contra a esquerda, garantindo que qualquer líder ou força contra a esquerda tenha uma vantagem significativa devido ao poder e influência do capital.
O filósofo expressa sua perplexidade diante da aparente inércia das lideranças de esquerda em face da barbárie. Ele questiona por que essas lideranças não se levantam contra a violência e critica a postura cautelosa delas frente a esse cenário. No entanto, para Mascaro, é trágico ver a aprovação popular de ações violentas e a falta de enfrentamento ideológico por parte dessas lideranças.
Algumas dessas lideranças podem temer que suas críticas à violência policial sejam confundidas com algum tipo de leniência com o crime. No entanto, Mascaro argumenta que a solução para isso não é a covardia ou o silêncio. Ele defende uma postura assertiva, de luta política, envolvendo esclarecimento, educação e uma forte campanha pela legalidade. O combate ao crime deve ser firme, duro, implacável, mas sempre dentro da lei e com respeito absoluto às garantias individuais e aos direitos humanos. Ignorar esses princípios corre o risco de produzir mais violência e aumentar a criminalidade, ao invés de diminuí-la.
Mascaro também discute os desafios do governo Lula, destacando a necessidade de políticas públicas, educação, saúde, cultura, e a retomada de programas como Minha Casa Minha Vida, Mais Médicos, Farmácia Popular, entre outros. Ele também ressalta a importância de resistir à escalada fascista e critica o papel de segmentos evangélicos e católicos, aliados do fascismo.
A entrevista de Mascaro destaca a necessidade de uma postura mais assertiva da esquerda em relação à mídia, ao governo e aos militares, a fim de evitar um esgarçamento de suas ideias e valores. Ele oferece reflexões sobre o papel da sociedade e das lideranças políticas em um momento delicado da história brasileira, no qual a violência e a injustiça requerem uma resposta firme e engajada.
João Ferreira Bastos
05/08/2023 - 14h05
Eu vi a entrevista.
Sensacional
Saulo
05/08/2023 - 10h18
Não existe esquerda nenhuma no Brasil.