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Políticos reagem à polêmica do ‘Rolex’ de Mauro Cid

A revelação de que o tenente-coronel Mauro Cid, anteriormente o ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL), gerou repercussão no cenário político. Registros de e-mails em posse da CPMI do 8 de janeiro expõem as conversas sobre a venda de um relógio da marca Rolex, pelo qual Cid requereu US$ 60 mil, aproximadamente R$ 300 […]

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Imagem: Reprodução / Redes Sociais

A revelação de que o tenente-coronel Mauro Cid, anteriormente o ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL), gerou repercussão no cenário político. Registros de e-mails em posse da CPMI do 8 de janeiro expõem as conversas sobre a venda de um relógio da marca Rolex, pelo qual Cid requereu US$ 60 mil, aproximadamente R$ 300 mil na taxa atual de câmbio.

Uma das figuras políticas que comentou sobre o caso foi a deputada federal Fernanda Melchionna (PSOL-RS). Melchionna definiu: “A evidência do crime é tão evidente que Cid afirma não possuir certificado ‘pois foi um presente recebido durante viagem oficial'”, tuitou a parlamentar, antecipando que “a prisão de Bolsonaro está cada vez mais próxima a cada dia”. O colega de bancada de Melchionna, Ivan Valente (PSOL-SP), seguiu uma linha de pensamento semelhante: “Os acontecimentos revelam que Bolsonaro e seu grupo atuavam como uma organização criminosa”, destacou.

Outro membro do PSOL, Tarcísio Motta (PSOL-SP), recorreu a um meme para compartilhar as alegações contra Cid. Em uma publicação no Facebook em que detalha a situação, o deputado empregou a expressão “attenzione pickpocket”, popular nas redes sociais após uma vereadora italiana usar a frase para se referir a ladrões de carteira que operam no país europeu.

Abordando a denúncia, Duda Salabert (PDT-MG) também mencionou o ex-presidente. “Esse ‘presente’ deveria entrar no acervo da presidência da república e não poderia ser vendido. Bolsonaro saqueou o Brasil é isso está cada vez mais claro”, afirmou Salabert pelas redes.

Erika Kokay (PT-DF), por sua vez, classificou o incidente como “mais um escândalo para a conta dos golpistas”. “Mais um escândalo para a conta dos golpistas! A informação consta de documentos recebidos pela Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do 8 de janeiro”, declarou a deputada.

No Senado, o petista Humberto Costa (PT-PE) foi um dos que abordou o tópico nas redes sociais. “A CPMI do golpe trouxe à tona novas revelações sobre a tentativa de Bolsonaro de se apropriar de bens luxuosos que deveriam compor o patrimônio da Presidência”, compartilhou o legislador. “E-mails revelam o tenente-coronel Mauro Cid, braço direito do ex-presidente, conduzindo uma negociação ilegal de um Rolex por R$ 300 mil”, acrescentou.

As negociações de Cid envolvendo o relógio também receberam críticas de políticos fora da esfera esquerdista. Um dos fundadores e ex-presidente do partido Novo, João Amoêdo, foi incisivo: “O e-mail de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, negociando a venda de um Rolex por R$ 300 mil, que, segundo ele, ‘foi um presente recebido durante uma viagem oficial’, é mais um indício do desvio de bens públicos na Presidência bolsonarista”.


O conteúdo dos emails de Mauro Cid trata de outro assunto

De acordo com os registros em posse da comissão, em 6 de junho de 2022, Cid recebeu uma mensagem em inglês de uma pessoa com quem se comunicava. “Agradeço pelo seu interesse em negociar seu objeto Rolex. Tentei entrar em contato por telefone, porém não obtive sucesso”, expressou a interlocutora. “Qual é a quantia que você tem em mente para vendê-lo? O mercado de relógios Rolex usados está com baixa demanda, especialmente para aqueles feitos de platina e diamante, devido ao alto valor. Só desejo confirmar se estamos na mesma sintonia antes de prosseguirmos com uma pesquisa mais aprofundada”, completou em sua mensagem.

Cid respondeu informando que não possuía o certificado do Rolex, pois este lhe foi dado “como presente durante uma viagem oficial”, e que tinha a intenção de comercializar a peça por US$ 60 mil (equivalente a cerca de R$ 300 mil na taxa de câmbio atual). Os emails não oferecem detalhes sobre o contexto no qual o relógio foi recebido.

“Oi, nós não temos o certificado deste relógio, pois foi um presente recebido em uma viagem oficial de negócios. O que nós temos é um selo verde do certificado que acompanha o relógio. Eu também posso garantir que o relógio nunca foi usado. Eu espero conseguir por ele um montante em torno de US$ 60.000,00”, afirmou Cid.
No mês de outubro de 2019, durante uma viagem à Arábia Saudita, o então presidente Jair Bolsonaro recebeu um conjunto de peças ornamentais, incluindo um relógio Rolex, um anel, uma caneta e um rosário islâmico, oferecido pelo rei Salman bin Abdulaziz Al Saud.

Em 6 de junho de 2022, na mesma data em que ocorreu a troca de emails discutindo a venda de um relógio, o Rolex que havia sido presenteado a Bolsonaro foi encaminhado ao gabinete da Presidência da República, de acordo com registros em posse da comissão parlamentar de inquérito. A unidade de Documentação Histórica Adjunta à Presidência, responsável pelo acervo, recebeu o relógio no dia 27/03/2020.

Este artigo de luxo foi devolvido pela equipe de defesa de Bolsonaro em abril deste ano, após a Polícia Federal (PF) iniciar uma investigação relacionada a outro conjunto de peças ornamentais vindas da Arábia Saudita, avaliadas em R$ 5 milhões, que foram retidas pela Receita Federal no aeroporto internacional de Guarulhos (SP), como divulgado pelo periódico O Estado de S. Paulo. O ex-presidente refuta quaisquer alegações de irregularidades.

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