Depois que Lula transmitiu uma mensagem indicando sua preferência por não manter Augusto Aras como procurador-Geral da República, a campanha de Aras perdeu força. Até mesmo aliados próximos estão convencidos de que seu nome não é mais considerado um dos principais candidatos. Com informações do Metrópoles.
Lula afirmou que Aras se tornou um símbolo de conivência com a política negacionista adotada por Jair Bolsonaro durante a pandemia e que, de modo geral, o procurador-Geral da República está excessivamente associado ao bolsonarismo.
De acordo com as informações fornecidas pela CNN, Lula expressou claramente sua posição durante um jantar na residência do ministro do STF, Gilmar Mendes, onde também estava presente Cristiano Zanin. Durante o encontro, Lula deixou claro que não tem a intenção de reconduzir Aras ao cargo de procurador-Geral da República e que está avaliando outras opções de nomes para ocupar a posição.
Nesta quinta-feira (3), Aras não compareceu à cerimônia de posse de Cristiano Zanin como ministro do STF. De acordo com sua equipe de apoio, ele enfrentou uma situação de urgência médica na família e teve que realizar uma viagem necessária.
Busca intensiva pela confiança de Lula
Enquanto buscava sua recondução para um terceiro mandato, Aras viu crescer sua influência no Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) e no Conselho Nacional de Justiça (CNJ). A permanência de Aras no cargo estava sendo articulada pelo líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA), e contava com o apoio de membros do Partido dos Trabalhadores (PT) próximos ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Augusto Aras deu início a uma estratégia para promover-se nas redes sociais e nos bastidores do MPF. Em julho, o procurador-geral tem destacado sua gestão e utilizado como argumento seu posicionamento crítico em relação à Operação Lava-Jato.
O procurador-geral optou por limitar os comentários na postagem, já que ela foi alvo de críticas nas redes sociais.
Sem lista tríplice
Os sinais apontam que Lula não irá se basear na lista tríplice para sua escolha. Em março passado, durante uma entrevista, o presidente afirmou que fará a seleção de forma pessoal. O líder do governo, Jaques Wagner, já declarou que não tem lista para a PGR, a decisão é do presidente Lula”.
Durante a campanha de 2022, o presidente já tinha dado indícios de que não retomará a prática da lista tríplice para a escolha do procurador-geral da República. Essa tradição foi estabelecida durante seu próprio governo em 2003. Lula pretende indicar o próximo PGR em setembro quando termina o mandato de Augusto Aras.
A lista tríplice não está prevista na Constituição, mas foi uma escolha de Lula como uma maneira de honrar a seleção dos membros do MPF. Desde 2003, Lula, Dilma Rousseff e Michel Temer sempre selecionaram um nome da lista tríplice para o cargo. Essa tradição foi interrompida por Jair Bolsonaro em 2019, quando ele indicou Aras para substituir Raquel Dodge. Em 2021, Aras foi reconduzido novamente sem passar pelo processo de eleição interna entre os membros do MPF. O mandato do Procurador-Geral da República é de dois anos.
Como será a decisão de Lula
Na entrevista semanal transmitida pelas redes sociais nesta terça-feira (1), o presidente Lula abordou o aguardo ansioso pela nomeação do próximo Procurador-Geral da República.
“As pessoas já estão preocupadas com a sucessão do procurador-geral da República, já estão preocupadas com outro membro da Suprema Corte. Essa é uma coisa que é uma naturalidade”.
Em seguida, ele afirmou que “ninguém no país” possui tanta experiência em nomear chefes do MPF quanto ele, pois já indicou três durante seus dois primeiros mandatos, e também selecionará o sucessor de Aras.
“Vou conversar com muita gente. Vou ouvir muita gente. Vou atrás de informações de pessoas que eu penso, vou discutir se é homem, se é mulher, se é negro, se é branco, tudo isso é um problema meu que está dentro da minha cabeça e quando eu tiver o nome eu indico. É simples assim. Sem ficar aquela aposta, vai escolher amanhã, vai escolher depois, é fulano, é beltrano, é sicrano. Ninguém tem que ficar tentando adivinhar”.
O presidente afirmou que vai escolher o que considera melhor para o país. “Se der errado, paciência. Mas eu vou tentar escolher o melhor. E quero conversar com muita gente, ouvir muita gente, porque eu acho que as pessoas precisam aprender a fazer bem pra esse país”.