O ex-deputado e presidente nacional do PL, Valdemar Costa Neto, foi entrevistado pelo programa Estúdio I, na GloboNews, no dia 11 de julho e ao ser questionado pela jornalista Andréia Sadi se o hacker Walter Delgatti Neto, preso ontem pela PF, falou com ele sobre invasão as urnas, o dirigente do PL se atrapalhou.
“Falou alguma coisa, falou alguma coisa”, disse Costa Neto. “Eu não me lembro. Falou alguma coisa disso, que ele podia alterar o resultado das urnas, que ele podia, podia fazer alguma coisa, podia mexer com isso”, prossegue com a voz embargada.
A resposta confusa de Valdemar fez com que os jornalistas ficassem chocados com a insegurança do político, já que por diversas vezes o próprio Valdemar tinha dito que acreditava nas urnas eletrônicas.
O hacker Walter Delgatti Neto revelou a Polícia Federal que Jair Bolsonaro perguntou se era possível invadir uma urna eletrônica. A pergunta capciosa foi feita no Palácio do Alvorada após um encontro ocorrido em agosto de 2022, diz o depoimento de Delgatti.
O hacker ainda disse que Bolsonaro não teve relação com o acesso ao sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), quando foi expedido um mandado de prisão falso em nome do ministro do STF, Alexandre de Moraes, e incluído no banco de dados. Foi por causa desse pedido falso que a Polícia Federal deflagrou a operação 4FA.
“Que apenas pode afirmar que a Deputada Carla Zambelli esteve envolvida nos atos do declarante, sendo que o declarante, conforme saiu em reportagem, encontrou o ex-Presidente Jair Bolsonaro no Palácio do Alvorada, tendo o mesmo lhe perguntado se o declarante, munido do código fonte, conseguiria invadir a Urna Eletrônica, mas isso não foi adiante, pois o acesso que foi dado pelo TSE foi apenas na sede do Tribunal, e o declarante não poderia ir até lá, sendo que tudo que foi colocado no Relatório das Forças Armadas foi com base em explicações do declarante”, aponta um trecho do depoimento.
Vale lembrar que Delgatti e a deputada Carla Zambelli (PL-SP) são os dois principais alvos da operação de hoje. A deputada foi alvo de mandados de busca e apreensão e o hacker foi preso preventivamente.
Delgatti também disse à PF que Carla Zambelli passou a lhe procurar, “pois queria que ele invadisse a urna eletrônica ou qualquer sistema da Justiça brasileira para demonstrar a fragilidade do sistema judicial pátrio”.
Na sequência, o hacker afirma diz que a deputada bolsonarista lhe pediu para “obter conversas comprometedoras” de Alexandre de Moraes.
“A deputada disse que, caso o declarante não conseguisse invadir a urna, que conseguisse obter conversas comprometedoras do ministro Alexandre de Moraes, invadindo seu aparelho telefone celular e seu e-mail”, diz a transcrição do depoimento de Delgatti. “A deputada disse que, caso o declarante conseguisse invadir os sistemas, teria emprego garantido, pois estaria salvando a democracia, o país, a liberdade”.
É bom destacar que o falso mandado de prisão contra Moraes foi escrito por Zambelli e “vazado” pela deputada a imprensa.
“Disse à deputada que conseguiria emitir um mandado de prisão em desfavor do próprio ministro, como se fosse ele mesmo emitindo, a deputada ‘ficou empolgada’, fez o texto e enviou para o declarante publicar”, diz a transcrição.
Por fim, Delgatti revelou que os serviços prestados a deputada do PL foram pagos por ela. Ainda para a PF, o hacker declarou que foi pago por um assessor dela e recebeu R$ 3.000 para “ficar à disposição” da parlamentar. O hacker também entregou os extratos bancários de sua empresa aos investigadores, que mostram um repasse total de R$ 13.500 efetuado por dois servidores de Zambelli.