O dia começou com uma nota do PSDB negando qualquer movimentação para se tornar base do governo. Havia quem zombasse da nota, dizendo que o partido recusou algo do qual nunca foi convidado. Acontece que isso seria uma meia verdade.
Segundo fontes do Planalto e na articulação política do governo, de fato, nunca existiu a possibilidade de um cargo ou ministério ser colocado à disposição para os tucanos. Porém, existiram sim conversas isoladas com alguns nomes do partido para que apoiassem o governo em temas pontuais.
Essas conversas aconteceram ainda no mês passado, enquanto o centrão plantava notas aos quatro cantos da imprensa pedindo os ministérios do esporte, desenvolvimento e ainda de quebra a presidência da caixa e o controle da Fundação Nacional de Saúde (Funasa).
Neste período, ocorrereu uma série de conversas de membros do centrão com o governo e, segundo fontes, membros do PSDB estiveram presentes nessas conversas. E em nenhum momento o governo trabalhou com a hipótese de ter os tucanos na base e sim em condição de independência, trabalhando pontualmente com alguns nomes.
A estratégia para atrair estes tucanos seria permitir que indiquem nomes para cargos de segundo e terceiro escalão na administração federal. E se engana quem pensa que as portas tenham sido fechadas para os tucanos após a nota de hoje, segundo uma fonte do Planalto: “está tudo em aberto ainda”.
Já a tal nota do PSDB foi vista como um esforço desesperado de Eduardo Leite, governador do Rio Grande do Sul e presidente da legenda, para demonstrar algum controle do partido. Os tucanos vivem uma grave crise de identidade, onde alguns de seus nomes flertam com a extrema-direita e outros não.
Desde o início do ano, o PL de Jair Bolsonaro vem fazendo uma grande ofensiva no interior de São Paulo (último bastião tucano) para trazer prefeitos tucanos para a sua legenda.
A última coisa que este moribundo partido precisa é de mais uma cisão, depois de uma sequência de crises que foram apequenando o partido ao longo dos últimos dez anos.