Relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) enviado à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) dos atos golpistas complicou ainda mais a vida do tenente-coronel Mauro Cid. Ele apontou que o ex-faz-tudo de Jair Bolsonaro enviou remessas que somam R$ 367,3 mil aos EUA em um único dia. Até agora, o milico preso não conseguiu explicar a origem da grana. Desconfia-se que ela pertencia ao ex-presidente fujão.
Conforme registra o jornalista Igor Gadelha no site Metrópoles, “os valores teriam sido enviados pelo militar no dia 12 de janeiro de 2023, quando tanto Mauro Cid quanto o ex-presidente da República estavam em solo americano. O montante, segundo o relatório, faz parte dos R$ 3,2 milhões em movimentações bancárias feitas por Mauro Cid entre 26 de junho de 2022 e 25 de janeiro de 2023, consideradas ‘atípicas’ pelo Coaf”.
Movimentações atípicas e lavagem de dinheiro
O relatório fala em “movimentações atípicas” e se refere ainda a “indícios de lavagem de dinheiro” nas contas bancárias do tenente-coronel. Ele cita “movimentação de recursos incompatível com o patrimônio, a atividade ou a ocupação profissional e a capacidade financeira do cliente”, além de “transferências unilaterais que, pela habitualidade, valor ou forma, não se justifiquem ou apresentem atipicidade”.
O Coaf identificou também a ocorrência de “operações que, por sua habitualidade, valor e forma, configuram artifício para burla da identificação da origem, do destino, dos responsáveis ou dos destinatários finais”. No que se refere aos R$ 367.374,56 remetidos para os EUA, levanta a suspeita. “Considerando a movimentação elevada, o que poderia indicar tentativa de burla fiscal e/ou ocultação de patrimônio, e demais atipicidades apontadas, comunicamos pela possibilidade de constituir-se em indícios do crime de lavagem de dinheiro”.
Desgaste maior à imagem do Exército
Essas “movimentações atípicas” do tenente-coronel, que inclusive era cotado para virar general, geram ainda maior desgaste à imagem já tão desgastada das Forças Armadas. Como explicar o envio de tanta grana para os EUA ou tanta grana nas contas de Mauro Cid? Essas perguntas têm constrangido o alto-comando do Exército, segundo relata a jornalista Carla Araújo no site UOL.
“Mauro Cid ainda não foi julgado e está longe de receber qualquer punição do Exército, mas a revelação de que o Coaf apontou movimentações atípicas nas contas do ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL) incomodou a cúpula da Força. Militares ouvidos pela coluna, porém, tentam afastar o caso da caserna e reafirmam que Cid – que está preso no Batalhão do Exército desde maio – ainda cumpre medida cautelar e tem o direito a ampla defesa”.
“A respeito da movimentação financeira de R$ 3,2 milhões em apenas sete meses a ordem é manter o silêncio e aguardar as explicações do militar. Até porque, de acordo com generais, o Exército não dispõe das informações sigilosas de movimentação de Cid… Apesar disso, há quem admita que o caso complica ainda mais a vida do ex-assessor de Bolsonaro, que continua desgastando a imagem da Força”.