O governador de São Paulo, Tarcísio Freitas (Republicanos) apoiou a ação policial que matou ao menos 16 pessoas e destacou que a iniciativa ocorre em resposta à morte de um soldado da Rota no Guarujá. Durante uma coletiva de imprensa nesta última terça-feira (1), Freitas afirmou que o “crime tem que ter respeito à polícia”.
A Polícia Militar alega que as mortes resultam de confrontos entre seus agentes e criminosos, porém, a população e os familiares das vítimas sustentam que essas ocorrências são, na verdade, execuções sumárias e denunciam o uso de tortura por parte dos policiais.
A colunista Clarice Candido contou para O CAFEZINHO a história de Filipe do Nascimento, o garçom morto na operação. Aos 22 anos, o jovem sonhava em ser tiktoker, tinha uma filha e uma enteada. Leia aqui
O ataque contra o soldado e um cabo, no qual o cabo sobreviveu, aconteceu na última quinta-feira (27), na cidade de Guarujá, localizada no litoral de São Paulo. No total, três indivíduos foram detidos sob suspeita de estarem ligados ao incidente.
Antes de se entregar, o suspeito gravou um vídeo no qual nega qualquer envolvimento no ataque e faz um apelo ao governo paulista para que cesse a violência, referindo-se às mortes ocorridas durante a operação no litoral.
Ele faz referência a Operação Escudo na região da Baixada Santista, com uma duração prevista de um mês, englobando efetivos de todos os 15 batalhões de operações especiais do estado. De acordo com informações da SSP (Secretaria da Segurança Pública), pelo menos 16 indivíduos perderam suas vidas durante as intervenções policiais.
O ministro da Justiça, Flávio Dino reagiu ao caso, comparando a reação causada pela polícia.
“Cidade Maravilhosa“
Na manhã desta última quarta-feira (2), ocorreu uma ação conjunta das polícias Militar e Civil no Complexo da Penha, Zona Norte do Rio de Janeiro, que resultou na morte de dez pessoas e deixou cinco feridos. Entre os feridos, estão dois policiais militares do Bope.
O governador do Rio, Cláudio Castro (PL), classificou a operação da polícia como “bem sucedida” nesta quinta-feira (3). “Queria elogiar a polícia pela operação de ontem, que foi bem sucedida. Se teve algum erro, vamos abrir um processo legal para apurar se houve”, disse o governador.
De acordo com informações da PM, 9 pessoas mortas durante o confronto são consideradas suspeitas de participar da troca de tiros. A décima vítima, sem participação no crime, foi socorrida por moradores da região, porém sua identidade ainda não foi confirmada.
Nesta quarta-feira, a ação foi impulsionada por informações obtidas pela inteligência da Polícia Militar, que revelaram a realização de uma reunião entre líderes do Comando Vermelho. O encontro estava planejado para ocorrer em uma área localizada no interior do Complexo da Penha, mais precisamente conhecida como Vacaria.
“Muitos tiros, muitos tiros na mata. O caveirão subiu a parte da mata e bateu de frente com os bandidos todos armados. […] Aí, estourou uma cena de guerra intensa aqui em cima na mata”, disse um morador ao G1.
O coronel da PM, Marco Andrade, afirmou que a polícia trabalha para garantir “paz e segurança” no estado e minimizou a morte de uma pessoa inocente.
“Estamos trabalhando para garantir a paz e segurança fluminense. O Estado vai tomar as medidas necessárias para garantir isso. É possível e provável que tenha mais lideranças do tráfico entre os mortos que ainda não foram identificados. Fomos lá para prendê-los, mas eles enfrentaram e acabaram mortos”.
Repúdio
Anielle Franco, Ministra da Igualdade Racial, condenou veementemente a declaração do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, que manifestou estar “extremamente satisfeito” com as operações policiais no litoral norte do estado.
Em uma entrevista ao UOL, a ministra enfatizou a necessidade de conscientizar as autoridades para evitar o recurso à violência em medidas de segurança. Ela também ressaltou que, em média, um jovem negro perde a vida a cada 30 minutos no país e afirmou firmemente que “pele preta não pode ser suspeita”.
Na noite desta quinta-feira (3), mais de 200 organizações que compõem a Coalizão Negra por Direitos promoveram uma manifestação em repúdio à terrível chacina ocorrida no Guarujá.
Mesmo sendo uma manifestação tranquila, a polícia aumentou a segurança no local.