Zambelli deve ser cassada e o seu partido, o PL, não vai lutar por seu mandato
O Partido Liberal (PL), liderado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro, já está considerando a possibilidade de cassação do mandato da deputada Carla Zambelli (PL-SP). A deputada, que foi alvo de uma operação da Polícia Federal na quarta-feira (02), que resultou na execução de mandados de busca e apreensão, não deve contar com a defesa do partido.
O nome mais ilustre do partido, o ex-presidente Jair Bolsonaro, também não sinaliza nenhum movimento em prol da deputada. De acordo com fontes próximas, Bolsonaro tem comunicado a seus aliados que não responde às tentativas de contato de Zambelli desde janeiro. Ele teria mencionado que a deputada tentou falar com ele nas últimas semanas, mas optou por não atender às chamadas.
Zambelli já está sob investigação na Comissão de Ética da Câmara dos Deputados, uma iniciativa solicitada pelo PSB. A acusação do partido é de que a deputada violou o decoro parlamentar ao insultar e constranger o deputado Duarte Jr. (PSB-MA) durante uma audiência com o ministro da Justiça, Flávio Dino.
A operação de hoje só agrava a situação de Zambelli. De acordo com a liderança do PL, a deputada vem perdendo o apoio de seus colegas desde o ano passado, quando, no final da campanha presidencial, ameaçou um jornalista com uma arma.
Bolsonaro afirmou que o incidente lhe custou votos. Os documentos obtidos na operação de hoje podem adicionar mais peso ao inquérito contra Zambelli na Câmara dos Deputados.
A operação da PF também resultou na prisão do hacker da “Vaza Jato”, Walter Delgatti, que estava em negociações para um acordo de delação premiada.
Delgatti foi o responsável por inserir um mandado de prisão falso contra o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Alexandre de Moraes, no sistema informatizado do Conselho Nacional de Justiça. Ele já teria confessado que foi o responsável pela inclusão do documento e que agiu a pedido de Zambelli.
A possível delação de Delgatti é uma preocupação para os bolsonaristas. No ano passado, Zambelli levou Delgatti, que invadiu telefones de autoridades envolvidas na Lava Jato, para uma reunião com o ex-presidente Jair Bolsonaro e o presidente do PL, Valdemar da Costa Neto. Ele teria afirmado que poderia invadir o sistema do TSE e alterar o resultado da eleição.
Agora, em uma delação, ele pode revelar o conteúdo exato da conversa com Bolsonaro, quanto teria recebido de Zambelli e os atos ilegais que teria cometido a pedido da deputada.