Nesta segunda-feira, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), declarou estar “extremamente satisfeito” com a megaoperação policial realizada no Guarujá (SP) durante o final de semana. A ação resultou em 10 mortes, de acordo com a Ouvidoria das Polícias, enquanto o governador alega que foram 8.
A Operação Escudo, que envolveu cerca de três mil policiais militares de 15 batalhões, foi deflagrada na Baixada Santista em resposta à morte de um soldado da Rota (Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar) na última quinta-feira (27).
Moradores das comunidades Vila Edna e Vila Zilda relataram, através de áudios circulando por WhatsApp e denúncias à Ouvidoria, que as comunidades estão vivendo momentos de terror, com ameaças de morte por parte dos policiais e relatos de tortura, como queimaduras de cigarro e ferimentos pelo corpo em uma das vítimas.
O governador paulista defendeu o “profissionalismo” da polícia e enfatizou a importância de respeitar a instituição. No entanto, em sua primeira coletiva de imprensa, não mencionou diretamente a chacina ocorrida.
Quando questionado, Tarcísio destacou a “extrema profissionalidade” da polícia e sua capacidade de usar a força quando necessário. Ele opinou que as denúncias são narrativas e afirmou que a população não pode ser usada nesse contexto.
O secretário de Segurança Pública de São Paulo, Guilherme Derrite (PL), referiu-se às oito vítimas mortas pelos policiais como “criminosos”. Até o momento, apenas quatro dessas vítimas foram identificadas.
Erickson David da Silva, conhecido como Deivinho, apontado pelo governo como o autor do disparo que matou o soldado da Rota, se entregou à Corregedoria da PM e, antes disso, divulgou um vídeo negando envolvimento no crime e pedindo para que a “matança” pare.
As declarações do governador e do secretário foram criticadas pela Ouvidoria das Polícias, que promete entregar um dossiê com denúncias de violações recentes praticadas pela PM na região litorânea de São Paulo.
A Operação Escudo continuará por, no mínimo, 30 dias na Baixada Santista, que foi eleita como prioridade de atuação da Secretaria de Segurança Pública, ao lado da região central da capital.