Durante esta semana, a Colômbia lamentou a morte de três líderes sociais, elevando o número total de assassinatos desde o início do ano para 97. Segundo informações do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento e a Paz (Indepaz), as vítimas foram o agricultor Carlos Mario Roldán Díaz e os líderes indígenas Yesid Pechené Musicué e Benito Segundo Castillo Gutiérrez. Os assassinatos ocorreram entre os dias 24 e 25 de julho, nos departamentos de Antioquia, Cauca e La Guajira, respectivamente.
O diretor do Observatório de Direitos Humanos do Indepaz, Leonardo González, acredita que as principais motivações para os crimes são questões sociais e ambientais. Nessas regiões, há altos níveis de conflitos armados entre grupos, o que torna pessoas ligadas a movimentos populares vítimas. Essa questão impacta na tentativa de emplacar o programa “paz total”, promovido por Gustavo Petro, presidente colombiano.
Petro chegou a afirmar, após a morte do ativista Sergio Luis Castro, em maio, que o assassinato de líderes sociais é sistemático.
Em entrevista ao Brasil de Fato, González explicou que os assassinatos ocorrem principalmente por conflitos nas regiões, inclusive por interesses socioambientais.
“Algumas mortes estão relacionadas a cultivos ilícitos, outras com a mineração legal e ilegal. Então, o que acontece é que quando algum representante comunal ou indígena se coloca para defender seu território contra essas práticas, ele está ameaçado”, declarou o diretor.
Desde os Acordos de Paz entre Colômbia e a ex-guerrilha Farc, assinados em 2016, cerca de 1500 líderes de movimentos populares foram mortos na Colômbia, segundo dados do Indepaz.
González apontou na entrevista que o número de líderes mortos até agora é 20% menor do que o mesmo período do ano passado. Para ele, uma das razões disso é o estabelecimento de grupos armados em certos territórios do país, que ao assumir o controle das regiões não precisa mais atacar os líderes ao redor.
Outro motivo para a queda seria os acordos de cessar-fogo, estabelecidos por Petro, que estão sendo cumpridos pelos grupos violentos.
“Tem a ver com o projeto de paz total porque ele gera cenários de diálogo, esperanças de que pode haver diálogo entre o governo e os grupos armados, então isso diminui as tensões também”, esclareceu González.
O presidente da Colômbia vem tentando pôr em prática seu projeto para atrair diálogos não apenas com o Exército de Libertação Nacional, mas também com facções e gangues que enfrentam as autoridades no interior do país.
O diretor do Indepaz acredita ser necessário, além dos acordos, elaborar mecanismos para que as comunidades consigam se defender contra a violência desses grupos e evitar mortes.