DW – A polícia de Bangladesh usou balas de borracha e gás lacrimogêneo para dispersar manifestantes da oposição que pediam a renúncia da primeira-ministra Sheikh Hasina, neste sábado (29).
O ato era uma manifestação de apoio ao Partido Nacionalista de Bangladesh (BNP), oposição ao governo do país, que exige a renúncia de Hasina desde 2022. O partido pede um governo provisório neutro para conduzir o país até as próximas eleições.
A primeira-ministra não pretende deixar o cargo e deve concorrer a um quarto mandato em janeiro de 2024, próximo período eleitoral parlamentar do país.
O protesto
No sábado (29), centenas de manifestantes foram às ruas. Alguns usaram pedras contra as forças policiais e seus veículos que, em resposta, dispararam gás lacrimogêneo e utilizaram cassetetes para dispersar a multidão, de acordo com relatório da polícia local apurado pelo DW.
Faruk Hossain, porta-voz da Polícia Metropolitana de Dhaka, disse que pelo menos 90 manifestantes foram presos durante os protestos, enquanto o BNP estimou o número em cerca de 124. Dois líderes importantes do partido também foram detidos, mas foram liberados rapidamente.
“Nossa força foi atacada sem nenhum motivo. Estávamos apenas tentando facilitar o fluxo do tráfego. Tivemos que disparar gás lacrimogêneo e balas de borracha para controlar a situação.”, disse Hossain. O porta-voz acrescentou que cerca de 20 policiais ficaram feridos.
Enquanto isso, o líder do BNP, Abdul Moyeen Khan, denunciou a ação policial como uma “injustiça”. Ele disse à agência de notícias Reuters que as ações contra os protestos de sábado “apenas confirmaram a natureza autocrática do regime governante e expõem totalmente seus motivos para permanecer no poder por meio de uma eleição fraudulenta”. O partido afirma que mais de 100 de seus ativistas também foram feridos.
Por que o BNP pede a renúncia da primeira-ministra?
A oposição acusa Hasina de ter fraudado as eleições de 2018. Segundo o BNP, a atual primeira-ministra teria tido influência política na prisão da líder do partido de oposição e ex-primeira-ministra do país, Khaleda Zia.
A política foi presa em 2018 e condenada a 5 anos de prisão por corrupção, sendo impedida de participar de um próximo pleito para tentar a reeleição. De acordo com o juiz que proferiu sua condenação, ela teria desviado pouco mais de US$ 250 milhões de uma instituição de caridade, da qual ela era dona, para uma conta bancária pessoal.
Em declaração ao portal DW, Mirza Fakrul Islam Alamgir, secretário geral do partido, disse que “O caso foi totalmente fabricado. A intenção principal sempre foi tirar Zia das eleições. Isso é resultado de uma vingança política da atual primeira-ministra.”.
Além disso, governos ocidentais e grupos de direitos humanos criticam o governo de Hasina por reprimir os protestos antigovernamentais. As autoridades são acusadas de autoritarismo, abusos dos direitos humanos, desaparecimento forçado, assassinato de dissidentes e repressão à liberdade de expressão.