Dentre as diversas questões de interesse do Centrão, o governo está avaliando internamente a possibilidade de apoiar a tramitação do projeto que visa legalizar os jogos de azar. Aprovado pela Câmara dos Deputados em 2022, o texto se encontra parado no Senado, ainda sem um relator designado, porém conta com o respaldo do vice-presidente Geraldo Alckmin.
Essa proposta tem como objetivo liberar a prática de jogos como bingos e cassinos, e ganhou mais um defensor dentro do governo com a nomeação de Celso Sabino (União-PA) para o Ministério do Turismo. O novo ministro, que substitui Daniela Carneiro (União-RJ), manifestou sua simpatia ao projeto em uma entrevista ao jornal O Globo, argumentando que ele beneficiará significativamente o setor do turismo. Além disso, ele revelou que a maioria dos membros do governo com quem dialogou também é favorável à iniciativa.
O vice-presidente Geraldo Alckmin, que também exerce o cargo de ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, recebeu em início de julho uma visita de Mor Weizer, representante da Playtech, uma empresa especializada no desenvolvimento de jogos utilizados em cassinos. O encontro foi promovido pelo líder do PSB na Câmara, Felipe Carreras (PE), que desempenhou o papel de relator do texto aprovado naquela Casa.
“Ele (Alckmin) não entrou em nenhum detalhe (na reunião), mas é favorável ao tema. Disse que sempre foi. Inclusive quando foi candidato a presidente”, declaou Carreras.
O projeto em questão desperta grande interesse do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), que é um aliado próximo de Celso Sabino e Felipe Carreras. Além disso, conta com o apoio do presidente do PP, senador Ciro Nogueira (PI), porém, enfrenta resistência por parte da bancada evangélica.
Em maio, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), enviou o projeto à Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), presidida por Davi Alcolumbre (União-AP), que pertence ao mesmo partido de Celso Sabino e também é favorável à regulamentação das atividades. A expectativa é que o relator seja nomeado no segundo semestre, impulsionando o avanço do tema.
Entretanto, outros setores do governo tratam o assunto com maior cautela. O presidente da Embratur, Marcelo Freixo, votou contra o projeto quando era deputado e chegou a se manifestar nas redes sociais, afirmando que “legalizar os jogos de azar vai aumentar o endividamento e desagregar as famílias”. Ao assumir o comando da agência de promoção do turismo, Freixo suavizou o discurso e declarou, em fevereiro à BandNews, que o tema está “no horizonte” da pasta, mas ressaltou a necessidade de tratá-lo “com responsabilidade”.
O Ministério da Fazenda, liderado por Fernando Haddad, também aborda o assunto de forma diferenciada, destacando que o tema da regulamentação das apostas esportivas on-line, articulada pela pasta, não possui relação alguma com os jogos de azar. Vale lembrar que as apostas esportivas já foram legalizadas em 2018, por iniciativa do então presidente Michel Temer.