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Verme de 46 mil anos é ressuscitado por cientistas na Sibéria

Cientistas reviveram um verme microscópico do gênero feminino que passou os últimos 46 mil anos em animação suspensa nas profundezas do gelo na região da Sibéria. Esse verme, uma nova espécie de nematóide denominada Panagrolaimus kolymaensis, começou a ter filhotes em um prato de laboratório após ter seu genoma sequenciado em um estudo publicado no […]

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Imagem: Matt Stock/Reuters

Cientistas reviveram um verme microscópico do gênero feminino que passou os últimos 46 mil anos em animação suspensa nas profundezas do gelo na região da Sibéria. Esse verme, uma nova espécie de nematóide denominada Panagrolaimus kolymaensis, começou a ter filhotes em um prato de laboratório após ter seu genoma sequenciado em um estudo publicado no periódico PLOS Genetics.

Os nematóides são organismos amplamente presentes no planeta Terra, habitando o solo, a água e o fundo do mar. A maioria das espécies ainda não foi descrita pelos cientistas, e esse verme microscópico pode representar uma ocorrência comum que até então não havia sido identificada.

A descoberta é de grande relevância para a ciência, não apenas pelo aspecto “surpresa” da hibernação prolongada do verme, mas também por razões práticas. Estudar como esses microorganismos conseguem entrar em um estado de hibernação pode fornecer informações valiosas sobre como os animais se adaptam a ambientes extremos, incluindo as mudanças climáticas globais.

A capacidade de algumas criaturas microscópicas de entrar em estado de hibernação, conhecido como criptobiose, tem sido objeto de interesse científico há décadas. Pesquisadores já haviam ressuscitado outras criaturas que passaram milhares de anos em animação suspensa sob o gelo, mas a nova espécie de nematóide estabelece um novo recorde ao sobreviver por dezenas de milhares de anos.

A descoberta proporciona uma oportunidade única de estudar como os animais se adaptam a condições extremas e como seu metabolismo é afetado. O verme foi encontrado em solo congelado, proveniente de um buraco escavado por um esquilo ancestral cerca de 40 metros abaixo da superfície. A datação por radiocarbono confirmou que o solo tinha impressionantes 46 mil anos de idade.

O processo de ressuscitação foi relativamente simples, consistindo no descongelamento cuidadoso do solo para evitar danos ao nematóide. Após o descongelamento, as minhocas voltaram a se contorcer e iniciaram suas atividades normais, se alimentando de bactérias em um prato de laboratório e se reproduzindo. Surpreendentemente, o nematóide consegue se reproduzir sem a necessidade de um parceiro, por meio de partenogênese.

Os cientistas também investigaram como o nematóide entra em um estado de hibernação. Descobriram que, assim como outros vermes microscópicos, a nova espécie, C. elegans, sobrevive melhor ao congelamento e à secura se for submetida a condições levemente desidratantes antes do congelamento profundo. Durante esse período de pré-condicionamento, os nematóides liberam um açúcar chamado trealose, que pode estar envolvido na proteção do DNA, células e proteínas contra a degradação.

Embora os cientistas ainda tenham muito a aprender sobre os mecanismos por trás da tolerância à hibernação e à dessecação, essa descoberta é um passo importante para entender a capacidade notável de alguns organismos de sobreviverem em ambientes extremos e aprofundar nosso conhecimento sobre adaptação e evolução. A longa vida de 46 mil anos dessa espécie de nematóide, cujo tempo de vida normal é de apenas um ou dois meses, é um fascinante mistério a ser explorado pelos pesquisadores

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