Li algumas análises hoje, à esquerda e mais liberais, criticando a Simone Tebet. E penso que as duas análises caem num erro de premissa: achar que ela está mirando uma nova disputa presidencial.
Em 2022, Simone não tinha chance de se reeleger senadora pelo Mato Grosso do Sul por duas razões: sua oposição ao governo Bolsonaro durante a CPI da pandemia e o fato de Tereza Cristina, ministra da Agricultura e com apoio de Bolsonaro, disputar a vaga que, até então, era de Simone.
Num cavalo de pau para aumentar o próprio passe político, Simone costurou uma candidatura presidencial da terceira via correndo por fora. Viu de camarote Eduardo Leite e João Doria se dinamitarem e levar pros ares o finado PSDB. Manteve distância respeitosa de Ciro e seu destempero verborrágico, se aproveitou das divisões internas do MDB e do cenário polarizado para manter o seu partido numa equidistância de Lula e Bolsonaro.
Conseguiu aparar as arestas, manteve a candidatura presidencial e teve uma performance eleitoral surpreendente, muito melhor do que se poderia imaginar. Depois, se aproximou de Lula no 2º turno e foi um apoio decisivo na vitória do petista. Merecidamente, foi escalada para a Esplanada e se tornou ministra.
Os que apontam para uma Simone coadjuvante, se equivocam. Simone foi uma das políticas mais habilidosas no confronto do século, conseguindo construir e extrair vitórias decisivas.
Repito: ganhou protagonismo nacional com sua atuação na CPI da pandemia e seu expressivo resultado eleitoral em 2022. Teve um papel decisivo na campanha eleitoral. Virou ministra do Planejamento, um dos ministérios mais cobiçados. Tem habilidade política para desviar de todas as crises que tentaram enfiá-la. E não foram poucas.
Se não tivesse feito esses movimentos, hoje Simone Tebet seria tão notícia como é Ciro Gomes ou João Doria. Alguém sabe que fim levaram? Quem acha que ela se apequenou, é apressado e não entende a dinâmica da política. Simone é uma sobrevivente política em tempos turbulentos.