Argentina, ato político de Juan Grabois contra a pilhagem do lítio
O candidato a presidente da Unión por la Patria, Juan Grabois, liderou nesta terça-feira (25-07) um ato denominado “Pequenos e Estratégicos Recursos na América Latina” juntamente com o ex-presidente da Bolívia, Evo Morales, na Faculdade de Odontologia da UBA – Universidade de Buenos Aires. Lá falaram sobre recursos estratégicos para a região e o contexto eleitoral. “Por herança, por história, somos anticolonialistas e, portanto, anti-imperialistas”, disse.
Grabois está em campanha eleitoral, mas no âmbito do PASO. Sancionada em 2009, esta sigla representa as iniciais de Primárias Abertas Simultâneas e Obrigatórias. Este tipo de eleição, em agosto próximo, é realizado antes das eleições nacionais, sejam legislativas ou presidenciais Trata-se de prévias eleitorais, na qual os eleitores têm direito a escolher os candidatos de cada partido ou coligação. Dentro da coalizão peronista há outro candidato concorrendo nas prévias, o atual ministro da Economia Sergio Massa.
Grabois: poder aos pobres
Após uma breve introdução da deputada Natalia Zaracho, Grabois iniciou seu discurso citando o “comandante Chávez” ao dizer que “é preciso dar poder aos pobres” e se referiu à defesa integral promovida pelo ex-presidente boliviano contra a “agenda imperial”. Grabois alertou para a existência de uma “ofensiva imperialista” que, segundo ele, vem por recursos naturais como lítio, gás e petróleo”. “Os Estados Unidos querem garantir seus interesses estratégicos com nossos recursos e isso se chama pilhagem”, denunciou.
Logo em seguida, culpou também o “imperialismo estadunidense” e o governador de Jujuy Gerardo Morales pelo golpe ocorrido em território boliviano em 2019. “Gerardo Morales, actual precandidato a vicepresidente de Rodríguez Larreta, envió dos meses antes del golpe más de 40 camiones del Ejército argentino para que atravesaran la frontera con el argumento de que iban a llevar ayuda humanitaria a Bolivia”.
Nas primeiras filas do auditório estavam sentados representantes da comunidade boliviana, que orgulhosamente exibiam suas bandeiras aimaras, das comunidades nativas do país, e militantes do MAS, o partido de Evo Morales. Minutos antes do início do ato, os integrantes do Pátria Grande, partido de Grabois, cantaram “JuanGra Presidente”, “Pátria sim, colônia não” e ovacionaram Morales ao ritmo de “Olé Olé Olé Evo Evo”.
Grabois descreveu o dia em que se apaixonou pelo “processo de mudança” que Morales conduziu: “Durante a posse do seu último mandato, antes do golpe, eu vi algo que mexeu muito comigo”. E alertou para a existência de uma “ofensiva imperialista” que vem por recursos naturais como lítio, gás e petróleo. “Os Estados Unidos querem garantir seus interesses estratégicos com nossos recursos e isso se chama pilhagem”, denunciou.
Grabois falou sobre a gestão de Evo Morales durante seus anos de mandato, a quem considerou o líder da “transformação cultural, política e econômica” da Bolívia, e comparou: “O que queremos fazer de nossa candidatura não é muito diferente do que Evo fez Morales na Bolívia. “É o controle estratégico dos recursos naturais, a política de terra e trabalho que conversamos com o Papa, uma reforma agrária, uma reforma urbana e uma pluralidade no sistema de trabalho para que os cooperados, o setor privado e o setor público estão lá, com direitos trabalhistas razoáveis”, enfatizou. Ele também destacou a “revolução política” que implica que “os excluídos entrem na Assembleia Plurinacional”. “É o que precisamos em toda a América Latina”, disse ele.
Grabois acrescentou que, na Argentina, os de “baixo” não representavam o povo no Congresso. Nesse sentido, ele também destacou o “enorme processo de transformação pelo qual assumiu” a gestão de Morales. “E quando falo de transformação, falo da queda da pobreza pela metade, da preservação integral de um Estado contra a agenda imperial. O Congresso foi indianizado, os excluídos entraram”. E citou o falecido ex-presidente venezuelano Hugo Chávez: “Foi uma revolução política porque, como disse o Comandante Chávez, é preciso dar o poder aos pobres. Foi o que Evo Morales fez ao integrar o poder do Estado e o poder popular”. E insistiu: “O imperialismo continua existindo, continua operando, opera em nosso país e tem muito a ver com o que está acontecendo na Argentina”.
No final do seu discurso, o candidato à presidência recordou as suas principais propostas: “Queremos fazer da nossa candidatura, juntamente com Paula Abal Medina, não muito diferente do que Evo Morales já fez. Queremos ter o controle estratégico dos recursos naturais, enfrentar uma reforma agrária e urbana e obter uma ampla pluralidade no sistema trabalhista”.
Evo: lítio é política de Estado
Por sua vez, Evo Morales destacou seu programa em 2005 e afirmou: “Na política, a refundação; no econômico, nacionalização; e na esfera social, a redistribuição da riqueza”. E acrescentou: “A questão do lítio não deve ser política de esquerda ou direita, mas política de Estado”, disse Evo, e completou: “Nossa tarefa é estabelecer a soberania econômica da Argentina. Se houvesse união entre Bolívia, Argentina e Chile e o lítio estivesse nas mãos dos Estados, seríamos uma potência mundial”.
Evo Morales também se posicionou à frente do cenário eleitoral e garantiu: “Nas eleições, estamos mais uma vez enfrentando quem são os privatizadores e quem são os nacionalizadores. Os nacionalizadores vão continuar ganhando massivamente”. Finalmente, o ex-presidente boliviano concordou com Grabois: “Por herança, por história, somos anticolonialistas e, portanto, imperialistas. Em seguida, Morales falou sobre o golpe de Estado em seu país e afirmou que foi “um golpe contra um modelo econômico contra o imperialismo, que não aceita outro modelo que não seja o neoliberal”.
Ele relacionou o golpe à questão do lítio e comentou que “os países industrializados nos pedem para vender apenas a matéria-prima e é só para isso que eles querem a América Latina”. “Se Argentina, Chile e Bolívia se unissem, seríamos uma potência mundial na indústria do lítio. A questão do lítio tem que ser uma política de Estado”, disse. Por fim, Morales pediu aos setores progressistas que resolvam “seus problemas internos” e destacou que “devemos estar unidos para enfrentar, para que a direita não vença e conquiste a grande pátria”.