O militar suspeito de sacar dinheiro vivo para pagar despesas da ex-primeira-dama, Michelle Bolsonaro, o sargento Luis Marcos dos Reis, também esteve envolvido nas finanças do tenente-coronel Mauro Cid, indica o relatório do Coaf enviado à CPI de 8 de janeiro.
Luis Marcos dos Reis depositou à Cid R$ 70.410,00, divididos em dois envios, entre 26 de julho de 2022 e 25 de janeiro deste ano. O Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), enviado à CPI que investiga os atos golpistas em Brasília, aponta que o sargento é o primeiro nome na lista de pessoas que fizeram depósitos mais altos a Cid.
Conhecido como Dos Reis, o militar trabalhou diretamente com o ex-presidente Jair Bolsonaro e seu ex-ajudante de ordens até agosto do ano passado, até ser transferido para o Ministério do Turismo.
Conforme revelado pelo UOL, as apurações da PF revelaram que uma empresa com contratos públicos enviava dinheiro ao sargento durante a gestão Bolsonaro – a mesma estatal que pagava os gastos de Michelle. No relatório, a Cedro do Líbano Comércio de Madeiras e Materiais para Construção, com sede em Goiânia e contratos com o governo, transferiu R$ 8,3 mil a Dos Reis.
À época, quando a PF reconheceu que os depósitos pagavam não despesas públicas, mas contas do cartão de crédito de Michelle Bolsonaro, também foram encontrados mais 12 depósitos da empresa na conta de uma tia da então primeira-dama. O ministro do STF, Alexandre de Moraes, argumentou que a quebra de sigilo dos suspeitos era devido aos “indícios de desvio de dinheiro público”.
“Entre os achados dos policiais escalados para trabalhar com Alexandre de Moraes estão pagamentos, com dinheiro do tal caixa informal gerenciado pelo tenente-coronel [Mauro Cid], de faturas de um cartão de crédito emitido em nome de uma amiga do peito de Michelle Bolsonaro que era usado para custear despesas da ex-primeira-dama”, indica o relatório.
Além disso, o RG e o nome da ex-primeira-dama aparecem três vezes no documento do Coaf, com as movimentações financeiras do ex-ajudante de ordem. Apesar de não especificar qual operação foi feita ou valores, Michelle é considerada “beneficiária” no relatório.
O advogado de Michelle, Fábio Wajngarten, continuou negando as suspeitas e afirmou que as informações são “requentadas”. “A dona Michelle não conhece esse ajudante de ordens [sargento Dos Reis] e desconhece que ele tenha feito pagamentos para ela”, declarou.
Em maio, Dos Reis foi preso por envolvimento no esquema de manipulação de cartões de vacina de Bolsonaro e da família, além de participar dos atos terroristas em Brasília em 8 de janeiro deste ano.