Nesta quinta-feira (27), durante a reunião de cúpula Rússia-África, em São Petersburgo, o presidente russo, Vladimir Putin, comprometeu-se a enviar grãos de graça para seis países do continente africano. Isso aconteceu em um contexto de aflição para retirada da Rússia do acordo para exportar cereais da Ucrânia.
“Nos próximos meses poderemos garantir remessas gratuitas de 25.000 a 50.000 toneladas de grãos para Burkina Faso, Zimbábue, Mali, Somália, República Centro-Africana e Eritreia” afirmou Putin em seu discurso de abertura da cúpula.
O discurso do presidente russo teve como foco o abandono do acordo que permitia, desde 2022, a exportação de grão da Ucrânia pelo mar Negro.
Esse acordo permitiu, em um ano, que cerca de 30 milhões de toneladas de cereais saíssem dos portos da Ucrânia, contribuindo para a estabilização dos preços dos alimentos mundiais. No entanto, o presidente russo enfatizou que a Ucrânia direcionou mais de 70% de suas exportações de alimentos para países de alta renda, incluindo membros da União Europeia, enquanto nações menos favorecidas, como o Sudão, receberam menos de 3% desses alimentos exportados.
Segundo a porta-voz ucraniana, Natalia Gumeniuk, Moscou quer se tornar monopólio dos cereais.
Ontem, Putin realizou reuniões com o primeiro-ministro etíope, Abiy Ahmed, e posteriormente com o presidente egípcio, Abdel Fatah al-Sissi, para discutir e elogiar seus projetos conjuntos no campo da energia. Nos últimos anos, o líder russo tem trabalhado para fortalecer seus laços com a África, utilizando a presença do grupo paramilitar Wagner. No entanto, a recente tentativa fracassada de rebelião desse grupo na Rússia no final de junho levanta dúvidas sobre o futuro de suas operações no continente africano.
Azali Assoumani, presidente da União Africana, enfatizou a importância de dar atenção às preocupações apresentadas pela Rússia. Além disso, ele expressou o seu firme posicionamento a favor de uma resolução pacífica e duradoura do conflito entre russos e ucranianos.
O Kremlin surpreendeu ao anunciar que a cúpula de amanhã, em São Petersburgo, terá como destaque discussões sobre a Ucrânia e um “almoço de trabalho” entre Vladimir Putin e líderes africanos. O porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, revelou que o recente golpe no Níger será também abordado durante o encontro. A diplomacia russa tem exigido a libertação imediata do presidente Mohamed Bazoum, que foi sequestrado pelos militares golpistas que afirmam terem deposto o líder.
A reunião de cúpula em São Petersburgo ocorre um mês antes da cúpula dos BRICS na África do Sul. Nessa última cúpula, o presidente russo, que tinha um mandado de prisão emitido pelo Tribunal Penal Internacional, optou por não comparecer, encerrando meses de especulação sobre sua participação.
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