DW e Financial Times – A ministra do meio-ambiente da Polônia, Anna Moskwa, disse nesta quarta-feira (26), em coletiva de imprensa, que seu país tomará todas as medidas legais possíveis contra a Alemanha, caso eles não retirem o lixo transportado ilegalmente para o território polonês.
Moskwa disse que apresentaria uma queixa à comissão europeia, que poderia se tornar uma ação no Tribunal Europeu de Justiça, se os alemães não retirassem as quase 35.000 toneladas de lixo despejadas em sete aterros sanitários poloneses de forma ilegal.
O governo alemão, ciente das reclamações, disse que isso não era uma responsabilidade federal, mas estadual. Anna Moskwa também acrescentou que “os estados não tiveram pressa em tomar nenhuma medida”. A Alemanha, no entanto, afirmou não ter recebido ainda nenhum documento oficial com o pedido de retirada de resíduos.
Os dados acerca da quantidade de lixo no país são referentes a um levantamento realizado pela própria ministra que, além de chamar a atenção do país vizinho, também culpou o último governo do país, agora oposição, pois eles teriam encorajado empresas estrangeiras a depositar seus resíduos em território polonês – gerando o que ela chamou de “El Dorado para o desperdício”.
As críticas a oposição do atual governo foram direcionadas a Donald Tusk, principal figura do partido Plataforma Cívica (PO) e ex-primeiro ministro da Polônia. Tusk ocupou o cargo de 2007 a 2014 e, desde então, o partido que lidera o país é o Lei e Justiça (PiS).
Enquanto Moskwa defende que o atual governo está engajado “em uma guerra decisiva contra as máfias de lixo”, a oposição também acusa o PiS de não fiscalizar adequatamente os lixões e a entrada de resíduos no país, durante o seu mandato.
A aproximação das eleições na Polônia é um dos motivos dessa disputa de narrativas políticas a respeito do problema do despejo ilegal de lixo no país. O pleito está marcado para o dia 23 de outubro.
Outras brigas
A Polônia e a Alemanha têm brigado por várias questões, incluindo outra disputa ambiental que começou no verão passado, depois que grandes quantidades de peixes morreram no rio Oder, que separa os dois países.
Tanto a Alemanha quanto a Polônia acreditam que os peixes morreram por causa de uma alga que libera toxinas, mas os dois governos culparam um ao outro pela contaminação que provavelmente ajudou na propagação das algas e aumentou a salinidade do rio.
Este mês, o governo alemão acusou a Polônia de não tomar medidas para impedir que o rio Oder se tornasse mais salgado. Nesta quarta-feira (26), o ministro do meio-ambiente tcheco, Peter Hladik, também informou o ministro do meio-ambiente polonês sobre mais peixes mortos encontrados flutuando no Oder, que tem origem nas montanhas tchecas.
A questão dos resíduos tóxicos também apareceu na agenda política da Polônia após um incêndio no último fim de semana em um depósito de produtos químicos perto de Zielona Gorá, no oeste da Polônia.
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