A ministra da Saúde, Nísia Trindade, anunciou nesta terça-feira (25) um memorial para que a pandemia de covid-19 e a “desastrosa postura do governo passado” não sejam esquecidas.
Seguindo a ideia de que “um povo que não relembra sua história, está fadado a repeti-la”, a ministra pretende destacar os acontecimentos dos últimos anos no país por meio de uma “política de memória deste triste tempo”.
“Não podemos esquecer esse tempo. Não que nós não consigamos ver que estamos em um outro momento, em uma outra situação. Não é isso. Mas, não só a pandemia, mas a forma como o Brasil abordou, a política de governo absolutamente desastrosa, que nos levou a 700 mil vidas perdidas, não pode ser esquecida”, disse Nísia, relacionando a iniciativa com museus do Holocausto.
O anúncio foi feito durante uma palestra no Congresso da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência, em Curitiba. O memorial, segundo ela, seria feito onde hoje se localiza o Centro Cultural do Ministério da Saúde, no Rio de Janeiro. “É hora de ocupá-lo com uma reflexão importante”, afirmou.
Nísia defendeu que a crise sanitária “desnudou uma série de problemas já presentes na sociedade”, mas um dos aprendizados é a necessidade de investir em ciência, tecnologia e inovação.
A ministra não citou nominalmente o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), porém apontou medidas feitas pela gestão à época como “fatos abomináveis” – a revogação de condecorações de pesquisadores por negacionismo bolsonarista durante a pandemia, por exemplo.
“Em muitos momentos tivemos a sensação de estar vivendo uma completa distopia, uma espécie de ‘Conto da Aia’. Nós não nos libertamos destas ameaças e isso é uma reflexão importante. Há muito o que fazer para consolidar uma visão democrática da sociedade”, declarou.
A ministra disse que a comunidade científica precisa permanecer vigilante, fomentando diálogos democráticos internamente. Nísia relembrou, também, o impacto da covid-19 sobre a região Amazônica, nomeando como “genocídio” a situação vivida neste território.
“Nós não podemos esquecer. Não só em respeito aos que se foram e às pessoas em luto, que a gente não tem como reparar. Mas, também porque é um trauma para a sociedade como um todo. Ou ao menos para a parte da sociedade que viveu assim. Porque uma parte da sociedade nega que o problema existiu. Por isso não podemos esquecer. Não no sentido do ressentimento, mas no sentido da superação e do avanço”, concluiu.
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