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Marcas do silêncio: a busca incansável por justiça na Chacina de Acari

“Minha família nunca mais foi a mesma, porque a gente passou a viver um drama diariamente. Faltava alguém à mesa, no almoço de domingo. A minha irmã, adolescente, estava faltando”, desabafa Aline Leite, irmã de Cristiane Souza Leite, uma das vítimas da Chacina de Acari, ocorrida em 1990. As marcas dessa tragédia ecoam nas palavras […]

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Aline Leite é irmã de Cristiane, uma das vítimas da Chacina de Acari — Foto: Arquivo pessoal

“Minha família nunca mais foi a mesma, porque a gente passou a viver um drama diariamente. Faltava alguém à mesa, no almoço de domingo. A minha irmã, adolescente, estava faltando”, desabafa Aline Leite, irmã de Cristiane Souza Leite, uma das vítimas da Chacina de Acari, ocorrida em 1990.

As marcas dessa tragédia ecoam nas palavras de Aline e na memória de 11 jovens arrancados de suas vidas em circunstâncias brutais e ainda não totalmente esclarecidas:

• Cristiane Souza Leite, de 17 anos;
• Luiz Henrique da Silva Euzébio, de 16 anos;
• Rosana Souza Santos, de 17 anos;
• Hudson de Oliveira Silva, de 16 anos;
• Edson Souza Costa, de 16 anos;
• Antônio Carlos da Silva, de 17 anos;
• Viviane Rocha da Silva, de 13 anos;
• Wallace Oliveira do Nascimento, de 17 anos;
• Hédio Oliveira do Nascimento, de 30 anos;
• Moisés Santos Cruz, de 26 anos;
• Luiz Carlos Vasconcelos de Deus, de 32 anos.

Aline continua a busca incansável pela justiça, suportando a dor de um luto que não termina, um vazio não preenchido, um silêncio que fala volumes sobre a violência endêmica que ainda assombra o Brasil.

Sua mãe, Vera Flores, uma das “Mães de Acari”, passou anos procurando respostas até sua morte em 2008. “Minha mãe fez de tudo para conseguir, no mínimo, uma certidão de óbito. Naquela altura, ela não acreditava que a minha irmã estava viva, mas queria uma resposta do Estado digna”, relata Aline.

Essas mulheres corajosas e resistentes personificam a luta contra a impunidade. No entanto, apesar do reconhecimento da Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) em 2022, o caso ainda não foi devidamente resolvido.

“Não é o dinheiro que vai trazer a vida de alguém de volta. Queremos reparação, um pedido de desculpas do Estado de que em julho de 1990 não foi capaz de descobrir o paradeiro destes jovens. A certidão de óbito e medidas para que não aconteça mais o caso”, afirma Aline, enfatizando que, mesmo enfrentando uma depressão severa, sua busca pela verdade não cessa.

A Chacina de Acari representa uma face sombria da violência no Brasil – um sistema falho que ignora as vozes das vítimas e perpetua a impunidade. O legado de Aline, Vera e das demais Mães de Acari é um lembrete contundente de que cada vítima de violência tem um nome, uma história e merece justiça.

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