Em encontro com Putin, Dilma critica uso do dólar

Foto: Vladimir Smirnov/Tass Host Photo Agency/AFP

A chefe do banco do Brics, Dilma Rousseff (PT), esteve em reunião com o presidente da Rússia, Vladimir Putin, nesta quarta-feira (26). Na ocasião, a ex-presidente da República reforçou a necessidade de valorizar os países emergentes – Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, componentes do Brics.

Dilma criticou o uso do dólar em transações internacionais e defendeu o uso de moedas locais, como o yuan chinês, nas trocas entre os países do bloco diplomático. A posição contra a moeda norte-americana é comum entre países rivais dos Estados Unidos, como a China e a Rússia, e aqueles que não se alinham automaticamente, como o Brasil.

Putin foi mais crítico quanto ao uso do dólar como moeda internacional, mas não encontrou nos detalhes da conversa com Dilma. “Sabemos que há dúvidas sobre a liquidez do banco, que há algumas ideias de seu pessoal sobre isso, e vamos apoiá-los. As relações dos países do Brics estão se desenvolvendo em moedas nacionais, parece-me que o banco pode desempenhar um papel significativo”, disse.

A motivação para a alteração das moedas tem exemplos concretos: a Rússia já teve cerca de US$ 300 bilhões, equivalente a R$ 1,5 trilhão, em reservas internacionais congelados em bancos no exterior devido às sanções.

Dilma relembrou que uma das metas estabelecidas de 2022 a 2026 pelo Novo Banco de Desenvolvimento (NDB) é transformar 30% das captações em moedas dos países emergentes. “Não há justificativa para que países em desenvolvimento não possam estabelecer trocas em moedas locais”, declarou. 

A intenção do governo brasileiro de se desvincular do dólar para as transações com o exterior é promover maior autonomia local.

A viagem da líder brasileira no Brics é também participar da cúpula entre a Rússia e países africanos, que se inicia nesta quinta-feira (27). Dilma, antes da reunião com Putin, rejeitou as especulações sobre o Brasil disponibilizar novos empréstimos a Moscou.

“O NDB [Novo Banco de Desenvolvimento, na sigla inglesa do órgão] reiterou que não está considerando novos projetos na Rússia e que opera em conformidade com as restrições aplicáveis nos mercados internacionais”, declarou em uma postagem no Twitter.

Letícia Souza:
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