Aliados dos EUA em alerta após a Bolívia assinar acordo de defesa com o Irã

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The Cradle – Membros da oposição de extrema-direita da Bolívia e do governo argentino estão exigindo que La Paz divulgue os detalhes de um memorando de entendimento (MoU) sobre assuntos de defesa e segurança assinado entre os Ministros da Defesa Edmundo Novillo e Mohamad Reza Ashtiani em Teerã na semana passada.

“É dito que [o Irã] nos dará drones. Outros dizem que nos darão mísseis. Tudo isso parece estranho, ainda mais considerando que envolve o Irã… Não consigo entender por que a Bolívia está se envolvendo em um relacionamento tão complexo e difícil”, disse o deputado Gustavo Aliaga, membro do partido Comunidad Ciudadana (CC).

Em 2019, o líder da CC, Carlos Mesa, apoiou o golpe orquestrado pelos EUA que forçou o líder socialista Evo Morales a fugir da Bolívia, deixando o país sob o controle de uma ditadura de extrema-direita que realizou múltiplos massacres de apoiadores de Morales e buscou entregar os vastos depósitos de lítio do país a transnacionais ocidentais.

O Ministério das Relações Exteriores argentino também exigiu explicações de La Paz na segunda-feira, sob pressão da Delegação de Associações Israelitas Argentinas (DAIA), que afirmou que o MoU “representa riscos para a segurança da Argentina e da região” devido aos laços de Teerã com o grupo de resistência libanês Hezbollah.

Em comunicado, a DAIA instou o governo argentino “a condenar este acordo e pedir à Bolívia que reconsidere sua decisão.”

Buenos Aires culpa o Hezbollah e o Irã pelo atentado à sede da comunidade judaica AMIA em 1994, que deixou 85 mortos. Tanto Teerã quanto o Hezbollah negam a acusação.

As declarações da CC e da DAIA surgiram após um relatório do Instituto para o Estudo da Guerra (ISW), um instituto neoconservador, que afirma que o acordo entre Teerã e La Paz inclui o fornecimento de drones iranianos para a nação sul-americana.

Na semana passada, o Irã concordou em ajudar a Bolívia no combate ao tráfico de drogas ao longo de suas fronteiras e aumentar a cooperação com o exército boliviano.

“Devido às necessidades críticas da Bolívia em termos de defesa de fronteiras e combate ao tráfico de drogas, estabeleceremos colaboração em equipamentos e conhecimentos especializados”, disse Ashtiani após sua reunião com o ministro da defesa boliviano na semana passada.

Por sua vez, Novillo disse que o Irã é um “modelo” para nações que buscam liberdade, destacando o “notável progresso” da República Islâmica em ciência e tecnologia, segurança e indústria de defesa, apesar das sanções.

A Bolívia é a mais recente nação latino-americana a assinar um acordo de segurança com a nação persa, seguindo os passos da Nicarágua e da Venezuela. No último ano, a República Islâmica também fez avanços significativos com o Brasil.

O Irã e a Bolívia também possuem dois dos maiores depósitos de lítio do mundo, com a República Islâmica anunciando no início deste ano a descoberta de um grande depósito com cerca de 8,5 milhões de toneladas do raro elemento. Por outro lado, a Bolívia possui os mais ricos depósitos de lítio conhecidos no mundo, com uma estimativa de 21 milhões de toneladas.

Clara Machado:
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