O ministro das Relações Exteriores da China, Qin Gang, foi substituído nesta terça-feira (25), quase um mês após ter desaparecido misteriosamente. A situação gerou especulações sobre o paradeiro de Qin.
O antecessor de Qin, Wang Yi, até então chefe da comissão de relações exteriores do Partido Comunista, assume o cargo de ministro das Relações Exteriores.
Até agora as fontes oficiais chinesas não forneceram muitas informações a respeito do sumiço de Qin. Sua substituição provavelmente marca o fim da carreira política de uma das figuras mais proeminentes da liderança chinesa.
Quem é Qin Gang?
Originário da cidade de Tianjin, no nordeste do país, Qin passou toda a sua carreira no serviço diplomático da China. Ele foi um dos primeiros diplomatas chineses a fazer comentários contundentes em defesa das posições de política externa cada vez mais assertivas de Pequim.
Qin também ficou conhecido por sua fala dura contra o Ocidente. Esses comentários lhe renderam a reputação de “lobo guerreiro”, apelido dado a diplomatas chineses que respondem com veemência às nações ocidentais que consideram hostis.
Em 2020, ele reclamou que a imagem global da China piorou porque a mídia ocidental nunca aceitou o sistema político chinês ou sua ascensão econômica.
A proximidade de Qin com Xi Jinping
Qin subiu rapidamente na hierarquia do Partido Comunista na última década. Sua ascensão está ligada à sua proximidade com o presidente chinês, Xi Jinping, segundo fontes do portal DW.
De 2014 a 2017, Qin trabalhou como chefe do departamento de protocolo diplomático do Ministério das Relações Exteriores. Durante esse período, ele manteve contato regular com Xi e organizou as viagens do presidente ao exterior.
Qin era visto como protegido do presidente e foi nomeado vice-ministro das Relações Exteriores, cargo que ocupou entre 2018 e 2021.
Posteriormente, ele foi enviado a Washington como embaixador da China nos Estados Unidos, onde ganhou destaque por meio de aparições públicas e na mídia nas quais defendeu com veemência as posições geopolíticas chinesas.
Ainda assim, como embaixador, ele foi menos conflituoso do que antes em Pequim. Nessa função, ele foi encarregado de colocar a relação entre as duas maiores economias do mundo “de volta nos trilhos”, promovendo uma reconciliação com os EUA.
Essas experiências culminaram na posição mais recente de Qin: em dezembro de 2022, aos 57 anos, ele se tornou um dos ministros das Relações Exteriores mais jovens da história da China.
Mas desde que Qin desapareceu da vista do público, o mistério de seu paradeiro e destino provocou especulações dentro e fora do país.
Wu Qiang, um comentarista acadêmico e político independente na China, disse ao portal DW na semana passada que o episódio fala muito sobre o estado atual do governo de Xi.
O desaparecimento abrupto de Qin “é altamente problemático”, pois indica que Pequim pode estar se aproximando de uma forma “mística e imprevisível” de liderança autocrática, disse o comentarista.
Matéria com informações do portal DW
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