Em uma entrevista exclusiva à revista Esfera Brasil, que é distribuída para cerca de 500 empresários, o pré-candidato à prefeitura de São Paulo, Guilherme Boulos, revelou seus planos para a eleição vindoura. Com o apoio do PSOL-SP, Boulos afirmou que não será candidato de um partido específico, mas sim de uma “frente progressista” que envolverá diversas legendas, incluindo PT, PCdoB, PV, Rede e PDT, além da possibilidade de outros partidos se unirem ao projeto.
O líder sem-teto destacou que é natural que haja questionamentos e resistência por parte dos vereadores do PT, já que historicamente o partido lançou candidatos próprios para a prefeitura de São Paulo. No entanto, Boulos considera legítimas as preocupações sobre o impacto de sua candidatura na chapa de vereadores petistas.
Durante a entrevista, Boulos foi fotografado em frente a um mural com o rosto de Marielle Franco, a vereadora do PSOL assassinada em 2018, mostrando sua interação com setores empresariais que têm resistido a suas investidas eleitorais. Desde o ano de 2020, o pré-candidato tem adotado um discurso mais moderado, afastando-se da pecha de radicalismo frequentemente explorada por seus adversários.
O apoio do PT à candidatura de Boulos tem sido alvo de debates internos no partido. Parte da bancada de vereadores petistas de São Paulo tem se mostrado contrária à ideia de apoiar o deputado federal, cobrando maior participação nas discussões da liderança nacional sobre as eleições de 2024 na capital. Entretanto, é importante ressaltar que em 2020 o PT sofreu uma derrota histórica com Jilmar Tatto, que obteve apenas 8,6% dos votos válidos.
No ano passado, Boulos retirou sua pré-candidatura ao governo de São Paulo em troca do apoio do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que declarou seu respaldo ao nome do líder do PSOL na disputa municipal. Essa decisão permitiu a formação de uma frente ampla de esquerda, levando Fernando Haddad, candidato do PT ao Palácio dos Bandeirantes, ao segundo turno das eleições.
Questionado sobre a possibilidade de ter um vice na chapa, Boulos afirmou que ainda não definiu a questão, mas que tem dialogado com o presidente do PT de São Paulo, Laércio Ribeiro, bem como com os parlamentares da legenda, em busca de soluções comuns para os desafios eleitorais.
O pré-candidato ressaltou que São Paulo é uma cidade “historicamente progressista”, ao mencionar as vitórias de Luiza Erundina, Fernando Haddad e Marta Suplicy em eleições anteriores. No entanto, ele afirmou que ainda não está claro se sua candidatura enfrentará uma polarização contra Ricardo Salles ou contra o atual prefeito Ricardo Nunes, pois Salles recentemente afirmou ter desistido de disputar a eleição municipal, abrindo caminho para o PL apoiar a reeleição do atual prefeito.
Boulos se apresenta como um candidato disposto a representar uma frente unificada, buscando a convergência de ideias e apoios para as eleições que se aproximam, enquanto enfrenta desafios dentro do próprio campo político que pretende liderar.