Nesta segunda-feira (24), o ministro da Educação, Camilo Santana, e o prefeito do Rio, Eduardo Paes, estiveram ao lado da Nave do Conhecimento da Nova Brasília, no Complexo do Alemão, para anunciar o novo campus do Instituto Federal do Rio de Janeiro (IFRJ) que será construído na comunidade da Zona Norte.
A instalação do instituto no Alemão foi possível graças à desapropriação de um terreno, promovida pelo município e repassado para o governo federal.
“Este é um momento super importante, tem alguns anos que esperamos a vinda do IFRJ para a cidade. Foi um compromisso que o presidente Lula assumiu durante a campanha e agora está cumprido”, declarou o prefeito carioca,que assinou o documento de desapropriação do terreno.
O IFRJ é uma instituição de ensino público que oferece cursos de ensino técnico de nível médio, superior e de extensão. O instituto atua em 14 municípios do estado do Rio,com quase 17 mil estudantes matriculados, e oferece 151 opções de cursos. No Complexo do Alemão, o campus funcionará na Avenida Itaoca, número 1776.
Durante o anúncio, o reitor do IFRJ, Rafael Almada, recordou que a instalação da instituição na comunidade é um apelo antigo tanto dos moradores, quanto das organizações sociais locais.
“O campus do Complexo do Alemão do IFRJ não é um projeto novo. Retomamos esse diálogo na nossa gestão da reitoria para, efetivamente, consolidar uma unidade que possa contribuir com o desenvolvimento local e pensar em ensino técnico, graduação e pós-graduação na região. Ficamos muito felizes em poder dar andamento a essa discussão, como os cursos que serão oferecidos”, explicou o reitor.
A luta pelo campus
Em março, Alan Brum – um dos principais articuladores sociais do Complexo do Alemão, presidente do Instituto Raízes em Movimento e cientista social da memória do CPX – explicou ao “O Dia” que a luta pelo IFRJ no Alemão acontece desde 2015, mas que os planos não avançaram pela falta de um espaço físico que precisava ser cedido pela prefeitura.
A pauta foi retomada, mas foi necessário recomeçar. Foi formado, então, um coletivo composto por 20 organizações do Complexo do Alemão, que desenvolveu o Plano de Ação Popular do CPX, no qual a pauta sobre a implantação de um campus na comunidade voltou a ser debatida. O coletivo elaborou um abaixo-assinado, que contou com mais de 2.500 assinaturas, inclusive com a da Ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco.
“Precisamos de uma localidade e, com o abaixo-assinado, vamos pedir uma reunião com o prefeito, que irá solicitar ao governo federal e eles vão ver se liberam ou não o recurso.” explicou Alan, que completou dizendo que o abaixo-assinado ajudaria a articular uma conversa com o ministro da Educação, o que de fato aconteceu.
Já em junho, ocorreu uma audiência pública no campus do IFRJ no Maracanã para debater a expansão do instituto para o Complexo do Alemão e contou com a participação de deputados, diretores de instituições de ensino superior e lideranças comunitárias – incluindo Alan.
Nessa audiência foram abordadas as dificuldades de jovens das comunidades ingressarem no ensino superior e a necessidade de mudar essa realidade. “Muitas das vezes, esses jovens ingressam no ensino superior particular porque é mais perto, desconhecendo a instituição pública. Isso é por causa da distância”, explicou o cientista social.
Uma pesquisa realizada pela prefeitura do Rio de Janeiro apresentou que o número de moradores de favelas com acesso à universidade é extremamente baixo, apenas 7 em cada 100 pessoas. Com o Instituto Federal no Complexo do Alemão, a realidade difícil dos moradores poderá mudar e a carência da comunidade por espaços de ensino técnico e superior poderá ser solucionada.
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