Às 15h deste domingo (23), as urnas na Espanha foram fechadas e a votação para definir a composição do parlamento do país, composto pela Câmara dos Deputados e o Senado, foi encerrada. Estima-se que 37 milhões de eleitores votaram para determinar a formatação do parlamento espanhol.
O Partido Popular (PP), de direita, venceu as eleições e seu líder, Alberto Feijoó, reivindica que seja autorizado a tomar posse do governo. No entanto, o processo eleitoral chegou ao fim sem uma definição clara, e nenhum dos blocos políticos conseguirá obter uma maioria automática, o que impossibilita que o vencedor assuma o cargo de forma simples.
Os cenários atuais sugerem uma negociação intrincada que pode se estender por vários dias. No entanto, caso os acordos não sejam bem-sucedidos, a possibilidade de realizar um novo pleito não está descartada.
Os socialistas liderados pelo presidente do governo, Pedro Sanchez, estão resistindo às reivindicações de Feijóo e, em vez disso, tentarão negociar um pacto com seus aliados políticos. Para alcançar a governabilidade, será necessário que eles façam concessões fundamentais durante essas negociações.
A eleição representou uma queda significativa da extrema-direita, que almejava chegar ao poder pela primeira vez desde o fim da ditadura de Francisco Franco. Esse resultado foi considerado um alívio para líderes europeus, que estavam preocupados com o avanço desse movimento em todo o continente.
Na Catalunha, o resultado eleitoral claramente demonstrou uma rejeição à entrada da extrema-direita no governo central. A opinião pública passou a ver como incoerente a postura do PP ao buscar votos do centro, enquanto, ao mesmo tempo, fecha acordos com os herdeiros do franquismo.
O Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE), do atual presidente Pedro Sánchez, esteve em vantagem no início da apuração, mas logo passou a ocupar o segundo lugar. Ao final da apuração, o PSOE obteve 122 assentos, o Vox, de extrema direita, 33 e o Sumar, de esquerda, 31.
Cada partido precisa conseguir eleger 176 deputados para alcançar maioria. No entanto, o terceiro colocado que definie quem chega ao poder: esquerda ou direita.
De acordo com os resultados, nenhum dos blocos políticos conseguiu obter votos suficientes para formar uma maioria absoluta. Os blocos se dividem da seguinte forma:
Direita: 172 assentos
Esquerda: 171 assentos
O Partido Popular, uma força política de direita na Espanha, tinha expectativas de uma vitória mais expressiva nas eleições, mas isso não se concretizou. Agora, para formar um governo, o partido se vê na posição de depender necessariamente do apoio da extrema-direita, além de outros aliados.
O Vox, um movimento ultranacionalista, racista e anti-LGBT, acreditava que poderia se tornar uma peça fundamental para a formação do governo de direita. No entanto, sua queda nas eleições, tendo em vista que há quatro anos, o grupo conquistou mais de 50 assentos no Parlamento, mas mesmo assim não fez parte da coalizão governamental.
Na atual conjuntura política, observadores consideravam a possibilidade de a extrema-direita retornar ao poder na Espanha pela primeira vez desde o fim da ditadura de Franco, nos anos 70. Além disso, esse grupo político mantinha-se como um dos principais aliados do bolsonarismo na Europa, mantendo um contato frequente com Eduardo Bolsonaro.